05/11/2009 – 16:33
RIO - Em audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou nesta quinta-feira que "o Rio de Janeiro não é violento". De acordo com o secretário, a violência está restrita a algumas áreas da cidade.
- É um numero muito pequeno de pessoas para causar pânico em 16 milhões de pessoas. O Rio de Janeiro não é violento. O Rio de Janeiro tem núcleos de violência. Temos índices de criminalidade em determinadas áreas do Rio de Janeiro que são europeus. O Rio de Janeiro não pode receber um programa que seja o mesmo do Oiapoque ao Chuí - disse Beltrame.
O secretário defendeu ainda um tratamento diferenciado para a cidade por programas do governo federal.
- O Rio de Janeiro é diferente. Onde temos facção criminosa com ideologia de facção? Aqui é 'nóis', eu sou Comando? Onde que tem um grupo de pessoas fortemente armadas com armas e munições exclusivas de Forças Armadas? Onde tem lugares onde a polícia não quer ir, onde há limite territorial? Os senhores sabem disso porque tem que pedir licença ou pagar pedágio para ir divulgar o seu trabalho. Aonde nós temos isso? Em Porto Alegre, em Curitiba, em Manaus ou em Buenos Aires? Não, só no Rio - ressaltou.
Beltrame também reclamou da burocracia e da demora para a compra de equipamentos e armamentos. Ele citou que a aquisição de gás pimenta para uso da Polícia Militar pode levar até oito meses. Segundo o secretário, a burocracia deixa a polícia em situação de desigualdade com os bandidos.
Segundo o secretário, é preciso tornar a carreira policial mais atrativa, com melhores salários. Ele disse que já tratou do assunto com o Ministério da Justiça. Ele falou ainda da preocupação em melhorar os índices de segurança para as Olimpíadas de 2016, enfatizando que o importante é criar condições de segurança antes e depois dos jogos, e não apenas durante.
Beltrame aproveitou para pedir aos deputados em Brasília para que a formação de milícias seja tipificada como crime no Brasil. Segundo ele, atualmente, a Justiça enquadra as pessoas ligadas a esses grupos paramilitares em outros crimes. De acordo com o secretário, cerca de 300 envolvidos com milícias estão presos no estado.
- Temos que qualificar esse tipo de crime, pela legislação em vigor, como formação de quadrilha, desvio de conduta, entre outros - explicou.
A audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados tem o objetivo de discutir a aplicação de R$ 450 milhões do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e a ação da Polícia Pacificadora.
Há duas semana, o secretário de segurança do Rio reclamou da sobrecarga de tarefas da polícia fluminense , que estaria executando afazeres de responsabilidade do governo federal. Beltrame chegou a dizer que gostaria que a derrubada do helicóptero da polícia no Morro dos Macacos fosse visto como os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, dando origem a uma política de segurança de Estado, não de governos.
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