Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 12 de setembro de 2010

MENSAGEM DA SEMANA: Jesus revela o Deus do amor - Lc 15,1-32.

Preparação para a Leitura Orante

Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se encontram neste ambiente virtual.

Rezamos em sintonia com a Santíssima Trindade.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém

Senhor, nós te agradecemos por este dia. Abrimos, com este acesso à internet, nossas portas e janelas para que tu possas Entrar com tua luz. Queremos que tu Senhor, definas os contornos de Nossos caminhos, As cores de nossas palavras e gestos, A dimensão de nossos projetos, O calor de nossos relacionamentos e o Rumo de nossa vida. Podes entrar, Senhor em nossas famílias. Precisamos do ar puro de tua verdade. Precisamos de tua mão libertadora para abrir Compartimentos fechados. Precisamos de tua beleza para amenizar Nossa dureza. Precisamos de tua paz para nossos conflitos. Precisamos de teu contato para curar feridas. Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença Para aprendermos a partilhar e abençoar!

Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.

Leitura Orante

Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus, dizendo:

- Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles.

Então Jesus contou esta parábola:

- Se algum de vocês tem cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai procurá-la? Assim, deixa no campo as outras noventa e nove e vai procurar a ovelha perdida até achá-la. Quando a encontra, fica muito contente e volta com ela nos ombros. Chegando à sua casa, chama os amigos e vizinhos e diz: "Alegrem-se comigo porque achei a minha ovelha perdida."

- Pois eu lhes digo que assim também vai haver mais alegria no céu por um pecador que se arrepende dos seus pecados do que por noventa e nove pessoas boas que não precisam se arrepender.

Jesus continuou:

- Se uma mulher que tem dez moedas de prata perder uma, vai procurá-la, não é? Ela acende uma lamparina, varre a casa e procura com muito cuidado até achá-la. E, quando a encontra, convida as amigas e vizinhas e diz: "Alegrem-se comigo porque achei a minha moeda perdida."

- Pois eu digo a vocês que assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se arrepende dos seus pecados.

E Jesus disse ainda:

- Um homem tinha dois filhos. Certo dia o mais moço disse ao pai: "Pai, quero que o senhor me dê agora a minha parte da herança."

- E o pai repartiu os bens entre os dois. 13Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntou tudo o que era seu e partiu para um país que ficava muito longe. Ali viveu uma vida cheia de pecado e desperdiçou tudo o que tinha.

- O rapaz já havia gastado tudo, quando houve uma grande fome naquele país, e ele começou a passar necessidade. Então procurou um dos moradores daquela terra e pediu ajuda. Este o mandou para a sua fazenda a fim de tratar dos porcos. Ali, com fome, ele tinha vontade de comer o que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Caindo em si, ele pensou: "Quantos trabalhadores do meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome! Vou voltar para a casa do meu pai e dizer: 'Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho. Me aceite como um dos seus trabalhadores.' " Então saiu dali e voltou para a casa do pai.

- Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou. E o filho disse: "Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho!"

- Mas o pai ordenou aos empregados: "Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus pés. Também tragam e matem o bezerro gordo. Vamos começar a festejar porque este meu filho estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado."

- E começaram a festa.

- Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando ele voltou e chegou perto da casa, ouviu a música e o barulho da dança. Então chamou um empregado e perguntou: "O que é que está acontecendo?"

- O empregado respondeu: "O seu irmão voltou para casa vivo e com saúde. Por isso o seu pai mandou matar o bezerro gordo."

- O filho mais velho ficou zangado e não quis entrar. Então o pai veio para fora e insistiu com ele para que entrasse. Mas ele respondeu: "Faz tantos anos que trabalho como um escravo para o senhor e nunca desobedeci a uma ordem sua. Mesmo assim o senhor nunca me deu nem ao menos um cabrito para eu fazer uma festa com os meus amigos. Porém esse seu filho desperdiçou tudo o que era do senhor, gastando dinheiro com prostitutas. E agora ele volta, e o senhor manda matar o bezerro gordo!"

- Então o pai respondeu: "Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas era preciso fazer esta festa para mostrar a nossa alegria. Pois este seu irmão estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado."

O que diz o texto do dia?

Leio atentamente o texto: Lc 15,1-32 e observo as duas parábolas de Jesus.

Neste texto Jesus conta três parábolas: a da ovelha perdida que o pastor reencontra, a da moeda perdida que mulher procura e também encontra, motivo de grande alegria, e a do filho que retorna ao abraço misericordioso do pai. "Perder", "reencontrar" e "votlar" significam nas histórias de Jesus o perdão de Deus para o pecador. Nas três predomina o sentimento de alegria. É uma alegria imensa, transbordante, em clima de festa. Vai até o céu: "assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se arrepende dos seus pecados". Esta alegria acusa um sofrimento precedente: a perda. Tanto a ovelha , como a moeda, a pessoa humana, apesar de pecadora, é propriedade de Deus. É muito terna a figura do pastor que carrega a ovelha sobre os ombros. É de ternura infinita o pai que acolhe o filho no seu abraço. Esta é a figura do Deus misericordioso, sempre em busca de cada um de nós.

O que o texto diz para mim, hoje?

Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: "Nicodemos e sua ânsia de vida eterna (cf. Jo 3,1-21), a Samaritana e seu desejo de culto verdadeiro (cf. Jo 4,1-12), o cego de nascimento e seu desejo de luz interior (cf. Jo 9), Zaqueu e sua vontade de ser diferente (cf. Lc 19,1-10)... Todos eles, graças a este encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida. Não abriram seu coração para algo do Messias, mas ao próprio Messias, caminho de crescimento na "maturidade conforme a sua plenitude" (Ef 4,13), processo de discipulado, de comunhão com os irmãos e de compromisso com a sociedade."(DAp 249).

E eu me interrogo: Como acolho as buscas de Deus? Abro meu coração ao Pastor que me procura? Penso, num momento de silêncio, como procuro o Pai que me espera.

O que o texto me leva a dizer a Deus?

Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado Alberione:

"Jesus, Mestre: que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria. Que eu ame com o teu coração. Que eu veja com os teus olhos. Que eu fale com a tua língua. Que eu ouça com os teus ouvidos. Que as minhas mãos sejam as tuas. Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas. Que eu reze com as tuas orações. Que eu esteja em ti e tu em mimo . Amém".

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Sinto-me discípulo/a de Jesus.

Meu olhar deste dia será iluminado pela presença de Jesus Cristo, acolhido no meu coração e no coração das demais pessoas.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

COMENTÁRIO 1

Jesus, com seu amor libertador, acolhia aqueles que eram considerados "pecadores" pelo Judaísmo. Com isto abalava os alicerces da doutrina excludente e opressora dos fariseus e escribas.

Com três parábolas sobre a misericórdia, Jesus diferencia o seu Deus do deus do Primeiro Testamento. Jesus revela o Deus do amor e da misericórdia, que se distancia do deus da violência e da guerra de conquista dos antigos israelitas.

Nas duas primeiras parábolas, um homem e uma mulher se alegram ao encontrar um bem que perderam. Com isto fica figurado que o reencontro com o excluído, humilhado como "pecador", que se volta para Deus é motivo de imensa alegria.

Na terceira parábola, o pai misericordioso acolhe, com imensa alegria, sem censuras ou recriminações, seu filho que volta. Na primeira leitura o povo é qualificado de "cabeça dura". Agora Jesus, solidário com o povo, é que considera os líderes religiosos como empedernidos. Na segunda leitura, é relembrada a conversão de Paulo, a partir da manifestação da misericórdia de Deus.

Autor: José Raimundo Oliva

COMENTÁRIO 2

Neste domingo, no qual somos convidados a celebrar a Páscoa do Senhor com toda a Igreja, a Palavra que nos é apresentada pelo Senhor, para que possamos orientar a nossa vida, é a do Evangelho de Lucas,  por meio da qual uma parábola nos é apresentada com três atitudes profunda de misericórdia. Aliás, Lucas tem a intenção, ao escrevê-lo, de nos apresentar um Deus, revelado por Jesus, tomado de compaixão, misericórdia e amor por cada um de nós.

Esta parábola nos fala da ovelha perdida e que foi encontrada; da moeda que havia sido perdida e que foi encontrada; e do filho que se perdeu e foi acolhido pelo pai. Em todas as três situações, sempre o fim foi de muita alegria, pois a misericórdia de Deus tem como característica a festa do reencontro do pecador com o Pai; a misericórdia alcança e sempre alcançou o miserável – entenda o miserável de forma correta e não pejorativa, ou seja, miserável é todo aquele (cada um de nós) que é necessitado de misericórdia.

Creio que é muito oportuno nos atermos à parte da parábola que nos apresenta a realidade do filho que resolve sair de casa, ou seja, o filho pródigo; até porque no que diz respeito á moeda e á ovelha, que são encontradas, o pano de fundo é a alegria e a festa que acontece quando são encontradas; e isso acontece porque a pessoa responsável se compadece e vai ao encontro do que está perdido até encontrar, pois o amor jamais se cansa.

Na passagem do filho pródigo, o pai tinha dois filhos e um resolve sair de casa, quer ganhar o mundo; acha que está difícil continuar a viver em casa, pois acredita existir um lugar no mundo em que não encontrará dificuldades; começa aqui o seu erro e a sua frustração; aliás, é sempre longe de casa que encontraremos as verdadeiras angústias e sofrimentos – entendendo “casa” como este lugar mais íntimo em nós,  no qual só quem pode estar somos nós e Deus; o sacrário íntimo da alma.

Por essa razão, esse jovem resolve abandonar a casa e quer a herança. Herança não serve para ser dividida, mas perpetuada através da vida, vivendo, ensinando e testemunhando aquilo que recebemos enquanto virtudes e valores (a verdadeira herança). E a herança material? A estes bens deram o nome de herança; na verdade, isso não é herança. Pois herança material, filho bom não precisa e filho mau não merece!

Assim o jovem vai embora e o pai o deixa ir, pois o amor não obriga, não prende, não impõe nada, mas propõe, deixa livre. Ele vai e “quebra a cara” verdadeiramente. Arrependido, constata que nem a lavagem dos porcos ele tem para comer; é assim que o demônio nos trata e ilude: à base de mentira, nos propõe mundos e fundos; quando “caímos na dele” – na mentira, pois ele é o pai da mentira – então percebemos que nem à lavagem temos direito, pois nem isso ele tem condições de dar a alguém, pois ele é o senhor da miséria e da derrota. Ele é desgraçado, no mais profundo sentido da palavra – ele está sem a graça; ele é sem graça e quer todos afastados da graça de Deus.

Quando este rapaz cai em si, percebe que todos na casa do pai são tratados com dignidade e respeito, a começar pelos empregados, que têm pão com fartura. Então resolve voltar para casa e pedir uma  oportunidade, ao menos de ser tratado com empregado, pois – segundo ele mesmo – não pode mais voltar a ser filho, pois fez muitas coisas erradas. Para chegar em casa e poder ser tratado, ao menos, como empregado, monta um discursozinho: “Ao chegar em casa vou dizer para o meu Pai: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não merece ser trado como teu filho; trata-me como um de teus empregados’”. Ele veio decorando, pelo caminho, este discurso, pois tinha medo de não ser acolhido pelo pai por ter “pisado feio na bola”.

Quando está distante de casa do pai, mas podendo vê-la, percebe que vem alguém correndo ao seu encontro. É o pai quem vem, pois é ele quem vê o filho e não o filho quem vê o pai. O pai sabia que o filho iria voltar, pois o conhecia. Corre em direção ao menino e enche-o de beijos; aperta-o, não perguntando acerca do seu passado, mas o aperta em seus braços, abraçando aquele filho que acabara de chegar: feio, arrebentado, sujo… O pai não se importa com o estado deste, pois o ama e o amor consiste em acolher o outro a partir daquilo que ele tem de pior.

O filho começa a discorrer o discurso, mas quando vai pedir para ser tratado como um dos empregados do pai, este o interrompe imediatamente e manda vir todos os produtos necessários para a festa: boi para o churrasco, roupa, calçado e anel novos.

O pai não é indiferente ao que o filho fez, meus irmãos e irmãs; a questão é que o genitor coloca tudo no seu devido lugar e dá atenção àquilo que merece atenção, ou seja, ele não põe panos quentes sobre o que o filho fez, mas o coloca no seu lugar, e, sobretudo, coloca o pecado do filho também no seu devido lugar. Para dizer que o pai se interessa pelo filho e não pelo pecado, ou seja, somos amados por Deus por aquilo que somos e não por aquilo que fazemos. E o que somos? Filhos!

E o filho mais moço – porque aprendeu com o filho mais velho – acha que é amado por aquilo que faz; por isso preparou o discurso; para ser aceito. O pecado nunca terá condições de retirar o que somos essencialmente: filhos. Verdadeiramente, quem era o filho pródigo, nesta parábola, era o filho mais velho, pois viveu a vida toda pisando em cima dos manjares, por estar na casa do pai e morria constantemente de fome; o mais moço sentiu fome e teve a coragem de voltar; e porque teve a coragem de voltar, foi alimentado à base de festa, pois experimentou o amor do pai.

Não interessa onde estivermos e como estivermos; voltemos, irmãos e irmãs; voltemos através do sacramento da reconciliação, pois a Ceia Eucarística está a nos esperar para que possamos reviver nos braços misericordiosos de Deus Pai.

Padre Pacheco - Comunidade Canção Nova.