Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

sábado, 9 de outubro de 2010

Militares batem em retirada.

10/09/2010 – 21:00

Sinal do fim de prestígio político dos militares, Exército, Marinha e Aeronáutica terão que abandonar os edifícios que ocupavam na Esplanada dos Ministérios

Claudio Dantas Sequeira

Símbolo do poder e prestígio que os militares mantiveram no Brasil mesmo após a redemocratização do País, os edifícios da Esplanada dos Ministérios ocupados pelas Forças Armadas estão prestes a receber novos moradores. Em uma decisão que demorou mais de 25 anos para ser tomada, o Executivo decidiu, finalmente, que os comandantes militares devem voltar a comandar as tropas da caserna, e não mais em uma área que originalmente foi criada para abrigar os ministérios. Ainda não há data definida para o início da mudança, mas internamente o Exército já concordou em ser o primeiro a voltar para o quartel. Mais do que prática, a medida tem um efeito simbólico importante e deve causar mal-estar em parte da tropa. Desde o fim da ditadura os militares vêm perdendo espaço na política brasileira. A criação do Ministério da Defesa, há 11 anos, significou o primeiro passo no controle civil das Forças Armadas. Mas só no Dia do Soldado, 25 de agosto, com a sanção presidencial da lei que reestrutura e fortalece a Defesa, é que o projeto avançou de forma concreta. Pois, mesmo sem a prerrogativa de ministros de Estado, sabe-se em Brasília que os comandantes militares mantiveram, em parte, o status do passado.

MUDANÇA
Comando do Exército será a primeira
força militar a desocupar a Esplanada

“A desocupação desses imóveis será um marco histórico”, avalia Gunther Rudzit, que foi assessor do Ministério da Defesa na gestão do advogado Geraldo Quintão (2000-2002). O especialista lembra que Quintão, quando ministro, chegou a pensar na hipótese de remover as Três Armas da Esplanada, mas ficou só na intenção. “Não havia clima para isso, pois o Ministério, na verdade, não tinha controle nenhum sobre os militares, não indicava o comandante nem controlava o orçamento”, explica Rudzit. A história, no entanto, mudou na administração do ministro Nelson Jobim, especialmente a partir da aprovação da Estratégia Nacional de Defesa no Congresso. “Vai ter uma chiadeira, especialmente entre os oficiais da reserva. Vão achar que é revanchismo”, prevê o especialista. O presidente do Clube Naval, almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral, concorda. Para ele, trata-se de uma medida vertical, feita sem consulta prévia e cuja reação não será positiva. “A Esplanada é o centro do poder. É aquela velha história; quem está perto do rei manda ou influencia, quem está longe não interfere”, afirma Veiga Cabral.

img.jpg
OLIVA
Exército será a primeira das
Três Armas a voltar para a caserna

Fontes do Alto Comando ouvidas por ISTOÉ confirmaram que o Exército será a primeira Arma a deixar a Esplanada. Desde que o comandante era ministro, seu gabinete sempre esteve localizado no “Forte Apache”, quartel-general localizado no Setor Militar Urbano. Mas toda a burocracia do Comando Militar do Planalto, da 11ª Região Militar e da Secretaria de Economia e Finanças está abrigada no edifício ministerial. “Esse conjunto todo será transferido para uma área ao lado do quartel-general, e vamos entregar os imóveis ao Patrimônio da União”, explica um assessor. Segundo ele, o Exército deixará a Esplanada provavelmente no final de 2011, assim que as obras da nova sede estiverem concluídas. A Força Aérea, por sua vez, deve ser a segunda a sair. O gabinete do comandante e toda a estrutura de assessoria deverão ser realocados perto da base aérea de Brasília, numa área onde hoje funciona o Comando-Geral de Operações Aéreas (Comgar). “Não é de hoje que o comando pensa em sair, tanto é que mantém uma estrutura administrativa relativamente pequena”, explica um oficial da FAB. Já a Marinha ainda não definiu se vai para a área Alfa, localizada na BR-040, em Santa Maria, distante 35 quilômetros do Plano Piloto.

img1.jpg

Em ótimo estado de conservação, as instalações que serão desocupadas pelos Comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica já são cobiçadas por outros ministérios e secretarias especiais, que por falta de espaço funcionam empilhadas nos mesmos imóveis. É o caso, por exemplo, do Bloco A, que abriga os ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Esporte, além das secretarias de Promoção da Igualdade Racial e de Política sobre Drogas. Sem contar a possibilidade de criação de novos ministérios, como o das Micro e Pequenas Empresas, idealizado por Dilma Rousseff.

“O ministro Nelson Jobim está sacudindo a caserna”, diz o coronel da reserva Geraldo Cavagnari. Para ele, a saída das Forças Armadas da Esplanada dos Ministérios era uma questão de tempo. “Quando tínhamos os ministros militares, a ocupação desses imóveis se justificava. Mas isso mudou. Os comandos não são instâncias políticas e a Esplanada é um local de órgãos políticos”, afirma. Segundo Cavagnari, que durante a Constituinte apresentou a proposta de criação do Ministério da Defesa, a mudança faz parte da consolidação do regime democrático. “É bom para o processo de despolitização das Forças Armadas. Toda essa reestruturação já deveria ter ocorrido antes, não fossem os antecessores de Jobim uns ministros medíocres”, afirma. Joanisval Gonçalves, especialista em defesa, prevê uma reação negativa na caserna. “A entrega dos ministérios é uma perda de prestígio muito grande. E, diga-se de passagem, parece uma agressão direta, um revanchismo”, diz. Gonçalves garante que a influência política dos militares hoje é mínima. “Dizer o contrário só serve para justificar decisões como essa.”

Fonte: IstoÉ.

TJ paulista reconhece poder do Ministério Público para investigar.

10/09/2010

A 14ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu o poder de investigação do Ministério Público ao julgar recursos interpostos depois que o Tribunal do Júri de São José do Rio Preto condenou a nove anos e nove meses de reclusão um réu acusado de tentativa de homicídio. Na ação, a defesa do acusado pediu a nulidade do julgamento, sob a alegação de que a prova contra ele era ilícita por ter sido colhida pelo Ministério Público.

No julgamento do recurso, o relator e presidente da 14ª Câmara de Direito Criminal do TJ, Wilson Barreira, entendeu que “não há qualquer nulidade a macular o feito, pois como bem ponderou o Procurador de Justiça oficiante, ‘a prova é lícita e há que ser admitida, isto porque a Constituição Federal entregou ao Ministério Público o monopólio da ação penal pública não lhe erigindo qualquer obstáculo como condicionante”.

No entendimento de Barreira, o Ministério Público não poder investigar implica dizer que a ação penal pública está condicionada a prévia atividade policial, quase uma condição de procedibilidade. O relator também escreveu em seu voto que, “as interceptações telefônicas foram devidamente autorizadas judicialmente”.

O acórdão do TJ também afastou a alegação da defesa de que o resultado do julgamento foi manifestamente contrário à prova dos autos e não acolheu o recurso do réu. Por outro lado, o recurso do Ministério Público foi acolhido e a pena do réu foi aumentada para dez anos e dez meses de reclusão. O acórdão foi proferido dia 12 de agosto. Com informações da Assessoria de Imprensa do Ministério Público.

Fonte: Conjur.

Norma técnica do MJ padroniza atendimento nas delegacias da mulher.

09/09/2010 - 11:27

Brasília, 09/09/10 (MJ) - O Ministério da Justiça (MJ), por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), lança a edição atualizada da Norma Técnica de Padronização das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), na próxima segunda-feira, 13 de setembro, em Brasília. Elaborada em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), da Presidência da República, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Secretarias Estaduais de Segurança, Polícias Civis e movimentos sociais, a publicação tem como objetivo propor a uniformização das estruturas e procedimentos das unidades policiais que registram crimes cometidos contra a mulher.

A iniciativa divulga informações sobre diretrizes das delegacias, formação dos profissionais que atuam na área e princípios de atendimento e acolhimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar. Também trata das novas atribuições das unidades policiais em conformidade com a Lei Maria da Penha, procedimentos penais e medidas projetivas.

Foram impressos dez mil exemplares para serem distribuídos nas 475 Delegacias ou Postos Especializados de Atendimento à Mulher, nos Centros de Referência da Mulher e nos Juizados de Defesa da Mulher. A publicação é voltada aos profissionais das delegacias de mulheres, que participaram do processo de discussão e validação da Norma Técnica.

Atribuições das DEAMs

A Lei determina que, além de instaurar o inquérito, as autoridades policiais devem garantir proteção policial, quando necessário, comunicando o fato imediatamente ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. Determina, ainda, que o pessoal da delegacia deve encaminhar a mulher aos estabelecimentos de saúde e ao Instituto Médico Legal; fornecer, quando houver risco de morte, transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro; acompanhar a vítima para a retirada de seus pertences e informá-la sobre seus direitos e os serviços disponíveis.

De acordo com a coordenadora geral das Ações de Prevenção em Segurança Pública da Senasp, Cristina Villanova, a atualização do documento é importante porque orienta os procedimentos a serem adotados. “Tanto a concepção arquitetônica das delegacias, como a postura dos agentes devem propiciar um atendimento acolhedor e humanizado à mulher em situação de violência. A sala de espera deve comportar ambientes separados para a mulher vítima e para o(a) agressor(a), devendo manter a privacidade da mulher e do seu depoimento e atender sem nenhuma forma de preconceito ou discriminação. A equipe de policiais responsável pelo atendimento inicial e acolhimento deve ser qualificada no fenômeno da violência de gênero, conhecer as diretrizes e procedimentos da delegacia e possuir material de informação e orientação”, explica Villanova.

Para acessar a Norma Técnica de Padronização, clique aqui.

Fonte: Ministério da Justiça.

domingo, 3 de outubro de 2010

A fé já está no coração - Lc 17,5-10.

Preapação para a Leitura Orante
Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se neste ambiente virtual. Rezamos em sintonia com a Santíssima Trindade.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Senhor, nós te agradecemos por este dia. Abrimos, com este acesso à internet, nossas portas e janelas para que tu possas Entrar com tua luz. Queremos que tu Senhor, definas os contornos de Nossos caminhos, As cores de nossas palavras e gestos, a dimensão de nossos projetos, O calor de nossos relacionamentos e o rumo de nossa vida. Podes entrar, Senhor em nossas famílias.
Precisamos do ar puro de tua verdade. Precisamos de tua mão libertadora para abrir Compartimentos fechados. Precisamos de tua beleza para amenizar nossa dureza. Precisamos de tua paz para nossos conflitos. Precisamos de teu contato para curar feridas. Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença Para aprendermos a partilhar e abençoar!
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Leitura Orante
Os apóstolos pediram ao Senhor:
- Aumente a nossa fé.
E ele respondeu:
- Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, vocês poderiam dizer a esta figueira brava: "Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar!" E ela obedeceria.
Jesus disse:
- Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer: "Venha depressa e sente-se à mesa"? Claro que não! Pelo contrário, você dirá: "Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber." Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: "Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever."
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Lc 17,5-10
Os apóstolos pediram ao Senhor:
- Aumente a nossa fé.
E ele respondeu:
- Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, vocês poderiam dizer a esta figueira brava: "Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar!" E ela obedeceria.
Jesus disse:
Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer: "Venha depressa e sente-se à mesa"? Claro que não! Pelo contrário, você dirá: "Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber." Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: "Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever."
Os discípulos pedem a Jesus: "Aumente a nossa fé". O exemplo da mostarda faz entender que não se trata de aumentar quantitativamente a capacidade de crer. Trata-se de qualidade. Jesus, com o exemplo do grão de mostarda, demonstra que basta pouco para fazer coisas consideradas impossíveis. A imagem da figueira brava que pode ser arrancada "pelas raizes" e jogada no mar, revela o que pode realizar a confiança total em Deus. Já a parábola do servo desmonta toda pretensão humana que busca usar ou instrumentalizar Deus através de relacionamento em favor dos próprios "direitos"ou interesses. É uma crítica a uma religião mercantilista, que procura negociar com Deus em favor da teologia da prosperidade. Na verdade, "somos empregados que não valem nada". Fizemos apenas o "nosso dever". 

O que o texto diz para mim, hoje? 

Pensando na forte expressão "somos servos inúteis" ou na tradução que li "empregado que não vale nada", recordo-me das palavras sábias e experientes do bem-aventurado Tiago Alberione, ao reler a história de Deus na sua vida. Disse ele: "Sou como um "semicego" (AD 202), iluminado e guiado passo a passo; uma vez mais o instrumento inadequado" (cf. AD 209) 

Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: "Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamente a Ele porque é a fonte da vida (cf. Jo 15,1-5) e só Ele tem palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68). Na convivência cotidiana com Jesus e na confrontação com os seguidores de outros mestres, os discípulos logo descobrem duas coisas originais no relacionamento com Jesus. Por um lado, não foram eles que escolheram seu mestre foi Cristo quem os escolheu. E por outro lado, eles não foram convocados para algo (purificar-se, aprender a Lei...), mas para Alguém, escolhidos para se vincular intimamente a sua pessoa (cf. Mc 1,17; 2,14). Jesus os escolheu para "que estivessem com Ele e para enviá-los a pregar" (Mc 3,14), para que o seguissem com a finalidade de "ser d'Ele" e fazer parte "dos seus" e participar de sua missão. (DAp,131). 

E eu me interrogo: Como é meu discipulado? Tenho consciência de que sou uma pessoa escolhida por Deus para seu serviço? De que sirvo a Deus e não a mim mesmo? 

O que o texto me leva a dizer a Deus? 

Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração: 

Jesus, Mestre: que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria. Que eu ame com o teu coração. Que eu veja com os teus olhos. Que eu fale com a tua língua. Que eu ouça com os teus ouvidos. Que as minhas mãos sejam as tuas. Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas. Que eu reze com as tuas orações. Que eu celebre como tu te imolaste. Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém. 

(Bv. Alberione) 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Sinto-me discípulo/a de Jesus. 

Meu olhar deste dia será iluminado pela presença de Jesus Cristo, acolhido no meu coração e no coração das demais pessoas. 

Bênção 

O Senhor o abençoe e guarde! O Senhor lhe mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de você! O Senhor lhe mostre seu rosto e lhe conceda a paz!' (Nm 6,24-27). 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

COMENTÁRIO 1

Lucas reúne neste texto de seu Evangelho dois ditos de Jesus, sem conexão entre si.

O primeiro dito é uma sentença sobre a fé. Os apóstolos pedem a Jesus que aumente sua fé. A resposta de Jesus, "Se tivésseis fé", questiona a fé dos apóstolos, concluindo com a comparação com o grão de mostarda. A mostarda é uma hortaliça que era encontrada em abundância às margens do Lago de Genesaré. Sua semente é muito pequena, contrastando com a altura de dois a três metros que a planta atinge. O grão de mostarda é usado, nos três sinóticos, como imagem do Reino, que se inicia de modo imperceptível, porém se tornará amplo e abrangente. Em Mateus e Lucas, o grão de mostarda, enquanto miúdo, é também imagem da fé. Em Mateus (17,20), a fé pequena como um grão de mostarda pode mover montanhas. Neste presente texto de Lucas, de maneira um pouco estranha, a fé pode até arrancar uma amoreira para ser plantada no mar. Em ambos os textos o grão de mostarda, como imagem da fé, tem o sentido de que, mesmo com pequena fé, se podem fazer grandes coisas.

O segundo dito é uma parábola, exclusiva de Lucas, que envolve certa complexidade em sua compreensão. De início o leitor é envolvido na parábola, levado a se identificar com o senhor que tem um servo ("se alguém de vós tem um servo"). Aí coloca-se em uma posição privilegiada, característica da sociedade elitista e opressora, onde as elites acomodadas se fazem servir pelos mais pobres. E, ainda, sendo servidas, nada têm a agradecer aos servos, humilhando-os e desprezando-os. Em seguida, o leitor é convidado a colocar-se na condição de servo. Depois de fazer tudo o que lhe foi mandado, deverá dizer: "Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer". Duas interpretações diferentes podem ser feitas. Como uma crítica, pode ser a expressão da atitude daqueles que, como o "servo", se submetem cegamente à Lei opressora e dominadora, representada pelo "senhor". Outra interpretação, própria da espiritualidade da humilhação, seria a de que o discípulo deve se submeter às ordens de Deus como um servo obedece ao seu senhor despótico na terra. Este enfoque fragiliza a opção pelo seguimento de Jesus como uma sedução por seu amor e como uma opção de vida plena e digna para todos.

Diante da opressão e violência (primeira leitura) com as quais os discípulos se confrontam no mundo, o fundamental é a perseverança na fé e no testemunho do amor misericordioso de Deus (segunda leitura).

Autor: José Raimundo Oliva

COMENTÁRIO 2

O que levou os apóstolos a pedirem o aumento da fé em seus corações? Impressionante este apelo feito por eles a Jesus, aparentemente, de uma hora para outra. Que preocupação é esta? Entendamos.

Nessa ocasião em que os apóstolos pedem o aumento da fé em suas vidas, anteriormente, estes tinham ouvido e visto muitas coisas que os preocuparam muitíssimo. Os Doze deixaram tudo para seguir Cristo, como é narrado no momento do encontro de cada um deles com o Senhor; todavia, conforme foi se dando a caminhada, Jesus foi formando-os de forma muito direta, sincera e franca. E disse-lhes que o caminho que leva à vida é apertado; se alguém quisesse segui-Lo era preciso deixar tudo, inclusive seus familiares; que era preciso amar os inimigos e perdoar sempre e incondicionalmente; e tantas outras coisas mais. Essas exigências foram fazendo com que muitos discípulos abandonassem o seguimento, a caminhada; Jesus, vendo tantos desistirem, ainda pergunta aos apóstolos: “E vós: não quereis ir com eles?”

Os Doze ficam num embate tremendo e sabem que, para conseguir dar conta do recado, ou seja, perseverarem na caminhada, terão de ter a fé aumentada. Então clamam: “Aumenta a nossa fé!” Mas como entender essa história de aumento da fé? Existe fé aumentada? Temos ou não temos fé? A fé, ou se tem ou se não tem; como diz o ditado: “Ou temos fé de mais ou temos fé de menos”. Como entender isso? O que os apóstolos queriam dizer com esse pedido? Vamos lá.

Em nós existe um “lugar” – este não é físico – chamado: sacrário inviolável; neste “lugar” ninguém pode entrar; somente quem pode entrar lá é Deus e nós; nem o demônio pode lá entrar. O  maligno, sabendo que lá não possui acesso, investe de forma muito sorrateira e oportunista para fazer com que nos percamos. No dia do nosso batismo, a semente da fé, da esperança e da caridade foram depositadas dentro desse sacrário inviolável – no coração do ser humano, biblicamente falando. Nunca perderemos essas virtudes, pois são virtudes teologais e os dons de Deus são irrevogáveis. Então, o que o demônio faz? Faz com que o pecado envolva esse sacrário e crie uma petrificação em torno dele, fazendo com que o ser humano perca a sensibilidade da fé, da esperança e da vivência da caridade.

Quando os apóstolos pedem que a fé seja aumentada, o que eles estão pedindo, na verdade? Estão pedindo não que a fé – propriamente dita - seja aumentada, mas que de seus corações saiam essas realidades de pecado que estão tomando conta e que já se enraizaram em seus corações, como um pé de amoreira, conforme diz Jesus.

Daí entendemos quando Deus fala pelo profeta Ezequiel: “Derramarei sobre vós uma água pura e sereis purificados; derramarei o meu espírito sobre vós; tirarei do vosso peito este coração de pedra e colocarei um coração de carne”.
É preciso que venhamos a arrancar toda a realidade de pecado que se enraíza e petrifica o nosso coração, fazendo com que percamos a sensibilidade quanto a tudo aquilo que é de Deus e que nos coloca no Seu seguimento.

A fé alimenta a esperança e faz com que, com alegria, venhamos a ter alegria em servir; então, como está na Palavra, sou eu quem faço o outro sentar, pois quem precisa servir sou eu. Depois de servir, digo com alegria: não fiz mais que minha obrigação, pois se sirvo, sirvo pelo fato de ter a graça de Deus em poder amar; se amo e sirvo, sou amado por Deus não por causa disso, mas sou amado por ser filho. O Todo-poderoso me ama por aquilo que sou e não por aquilo que faço. Meu Deus é um Deus de amor e não um Deus das recompensas.

Padre Pacheco - Comunidade Canção Nova.