Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 20 de março de 2011

MENSAGEM DA SEMANA: Jesus se transfigura.

Preparação para a Leitura Orante

Este momento é muito especial no meu dia. Aqui na rede da internet, faço silêncio no meu coração e peço luz ao Espírito.

Rezo com o Bem-aventurado Alberione: Mestre, Tu que iluminas todo homem e és a própria verdade: Eu não quero raciocinar senão como Tu ensinas, nem julgar senão conforme os teus julgamentos, verdade substancial, dada a mim pelo Pai: "Vive na minha mente, ó Jesus Verdade".

Leitura Orante

Mt 17,1-9

Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os fez subir a um lugar retirado, numa alta montanha. E foi transfigurado diante deles: seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro, então, tomou a palavra e lhe disse: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias". Ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E, da nuvem, uma voz dizia: "Este é o meu filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!" Ouvindo isto, os discípulos caíram com o rosto em terra e ficaram muito assustados. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantai-vos, não tenhais medo". Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus recomendou-lhes: "Não faleis a ninguém desta visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos".

COMENTÁRIO 1

Leio atentamente,na Bíblia, a narrativa da Transfiguração em Mt 17,1-9.

Observo neste trecho do Evangelho alguns símbolos:

. "Numa alta montanha" - a montanha indica o lugar de encontro com Deus

. "Roupas brancas como a luz", ("luz") ¬. Quanto mais luz coloco num ambiente escuro, mais claro ele se tornará. Quanto mais Palavra de Deus tiver em mim, mais a luz de Deus brilhará em minha vida.

. "Três tendas"- lugares de repouso e de oração.

. "Nuvem luminosa e sombra" simbolizam a presença de Deus.

Jesus se revela como verdadeiro Filho de Deus, Mestre a quem devemos escutar e seguir em seu caminho de cruz e ressurreição.

COMENTÁRIO 2

A narrativa da transfiguração, nos três evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, é apresentada logo após o anúncio de Jesus sobre os sofrimentos que o esperam em Jerusalém, seguindo-se a repreensão a Pedro que, tomado pela idéia do messias poderoso de Israel, não entende a proposta de Jesus.

Estão aí envolvidos dois aspectos: o sofrimento e a glória. Não se trata de sugerir que o sofrimento é o preço a ser pago para atingir a glória, como em uma barganha. A transfiguração é a maravilhosa confirmação de que em Jesus a condição humana é gloriosa, mesmo que seja vulnerável ao sofrimento e à morte, que são passageiros. O realce da dignidade humana, na transfiguração é um apelo aos discípulos a reconhecerem a verdadeira identidade de Jesus e põe em maior evidência o crime hediondo daqueles que planejam matar Jesus.

Esta manifestação gloriosa de Jesus se articula com a manifestação por ocasião do seu batismo por João Batista, ambas com o caráter de uma teofania, isto é, com manifestações de sinais e vozes celestiais extraordinárias. Nas duas é feita a proclamação: "Este é meu Filho amado, em quem me comprazo", sendo que na transfiguração é feito o acréscimo: "Ouvi-o!".

O Filho amado é o homem Jesus, nascido de Maria, concebido do Espírito Santo, revestido de eternidade em sua humanidade, e nele temos a revelação do reconhecimento da grandiosidade da condição humana, assumida por Deus na encarnação de seu Filho. O cenário, uma alta montanha, e a presença de Moisés e Elias correspondem a uma reapresentação da revelação de Deus. Moisés e Elias subiram à montanha, o Sinai, um para receber a Lei e o outro, para consolidar sua missão profética. Agora ambos vêm a Jesus, transfigurado, para confirmá-lo como a revelação suprema de Deus.

Jesus, o simples e humilde homem de Nazaré, na realidade é participante da natureza divina. Em nossa herança cultural encontramos marcas profundas de culto ao poder. Somos levados a discriminar as pessoas, selecionando-as pelos critérios de boa aparência, posses, prestígio, e poder. Comumente são desprezadas as pessoas de condição humilde e destituídas de poder. Subvertendo estes critérios de valores, Deus se revela como aquele que se faz presente e se identifica com os pobres e excluídos. Este homem Jesus, simples, frágil e vulnerável, é o Filho de Deu presente no tempo, mas já inserido na eternidade, em comunhão de amor com o Pai. A glória manifestada na transfiguração é a transparência do amor e da liberdade com que Jesus sempre se relacionou com seus discípulos e com o povo, no dia a dia. Cada discípulo de Jesus é chamado a participar desta glória por sua adesão ao projeto de Deus revelado em Jesus. Jesus nos convida ao desapego dos atrativos e valores de um mundo seduzido pelo poder e pelo dinheiro. Somos chamados a assumir a partilha, a solidariedade e a comunhão no amor e na misericórdia com nosso próximo, pelo que entramos em comunhão com Deus. O Deus de amor revelado por Jesus leva a uma revisão da imagem de Deus apresentada no Primeiro Testamento, como um deus que abençoa alguns a amaldiçoa a outros (primeira leitura). Todos, sem discriminações, somos acolhidos como filhos de Deus, em Jesus, e somos chamados a viver, com alegria, o mundo novo de fraternidade, justiça e Paz, na vida plena e revestidos de imortalidade, pela graça de Deus.

José Raimundo Oliva

COMENTÁRIO 3

Estamos no tempo quaresmal. Tempo de luta com o mal, as tentações, tristezas, angústias. Gememos juntamente com o nosso planeta qual mulher entre dores do parto, conforme a Campanha da Fraternidade deste ano. A radical transformação do mundo atual para o pedado, o crime, a droga, o homossexualismo, o divórcio, o desmatamento, ou seja a agressão ao meio ambiente e tantos outros males, parece ter deixado na sombra o sentido da vida, porque se tornou incapaz de escutar “a voz do silêncio suave” (1Rs 19,12), que ressoa das profundezas da história.

Por isso, surge também a dificuldade radical de enxergar qualquer outra dimensão da realidade que esteja acima ou por dentro da experiência humana. Não é mais capaz de ler os sinais da presença de Deus na nossa vida, dando a impressão de que a realidade seja algo inconsistente e sem valor, e que, no fim das contas, a história humana não passa de uma tremenda ilusão. No entanto, olhando mais em profundidade, a experiência da tristeza e da angústia e a agitação da vida moderna, tão repleta de conflitos, exprimem uma exigência de sentido e um desejo de serenidade e de paz.

Nesta ótica Jesus no evangelho de hoje nos revela exatamente esta dimensão e pode ser um autêntico sinal de esperança também para o nosso tempo. É possível dar volta a tudo o que nos aflige e agride a natureza. Não se trata simplesmente de um “olhar” diferente do jeito comum de considerar as coisas, mas está em jogo uma “visão penetrante” de algo que pode mudar radicalmente a vida e o seu sentido.

Fazendo um recuo no tempo Mateus busca as manifestações divinas do Antigo Testamento e nos apresenta uma cena repleta de luz:  o rosto de Jesus resplandece como o sol, suas vestes são brancas como a luz, a nuvem também é luminosa. Os discípulos, diante de tão intensa luminosidade, caem com o rosto no chão, assustados, e necessitam do “toque e da palavra” de Jesus para se levantarem e superarem o susto. Contudo, após esta experiência que mostrou a identidade de Jesus, os discípulos, “levantando seus olhos não viram ninguém a não ser ele, Jesus só”. Na realidade, é este “Jesus só” que está a caminho de Jerusalém, que eles devem encarar escutar e seguir.

A visão luminosa da transfiguração é reforçada também pelos personagens que entraram em cena: quando Moisés desceu do monte Sinai “seu rosto resplandecia” (Ex 34,29s); Elias foi arrebatado ao céu num “turbilhão de fogo” (2Rs 2,11; Sir 48,1-11). Mateus mostra que Jesus é O evento central no seu evangelho, que tudo recria: o homem e a natureza, a partir da luminosidade que vem do Sinai, porque a missão que Jesus assumiu no batismo se concretiza agora ao longo do caminho da cruz, deixando vislumbrar a meta final: a glória do Filho de Deus.

Trata-se de um momento decisivo muito forte: o rosto luminoso de Jesus revela a sua verdadeira identidade aos discípulos para que, depois da ressurreição, possam entender que o rosto resplandecente do Ressuscitado é o mesmo do Jesus Crucificado. Com efeito, somente à luz da Páscoa eles entendem quem é realmente Jesus e o sentido de sua morte violenta. Assim como o sol é a fonte da luz e “faz ver” as coisas como elas são, a luz da transfiguração de Jesus “faz ver” a sua identidade messiânica: revela a divindade em sua humanidade. Aqui os discípulos ouvem a voz de Deus chamando Jesus de “Filho”, e, durante a paixão, ouvem Jesus chamando a Deus de “Pai” (26,39). Neste monte, a humanidade de Jesus deixa transparecer a sua divindade e, no Getsêmani, a divindade assume plenamente a sua humanidade.

Assim, o Pai nos faz grande o convite do Pai: – “escutai-o” determina a missão dos discípulos: devem ser testemunhas da ressurreição de Jesus, enfrentando o mesmo caminho do Filho, que, passando pela cruz, leva à gloria dos filhos de Deus. A partir desse momento, o Evangelho não é só Palavra a ser ouvida, mas também caminho a ser percorrido, pois o “seguimento” de Jesus, assumido de forma autêntica e vivido até as últimas conseqüências, mostra uma outra visão da realidade. “O que os olhos não viram e os ouvidos não ouviram” (1Cor 2,9), nem Moisés (Ex 33,20), nem Elias (1Rs 19,13) viram, mas aos discípulos é concedido ver “face a face” o rosto de Deus, que resplandece em Jesus de Nazaré.

Pai, que a transfiguração leve-me a confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.

Padre Bantu Mendonça

O que a Palavra diz para mim?

Preciso me aproximar mais e escutar a Palavra, condição para aprender do Mestre e ser seu/sua discípulo/a. Disseram os bispos, em Aparecida: "O amadurecimento no seguimento de Cristo e a paixão por anunciá-lo requerem que a Igreja local se renove constantemente em sua vida e ardor missionário. Só assim pode ser, para todos os batizados, casa e escola de comunhão, de participação e solidariedade. Em sua realidade social concreta, o discípulo tem a experiência do encontro com Jesus Cristo vivo, amadurece sua vocação cristã, descobre a riqueza e a graça de ser missionário e anuncia a palavra com alegria." (DAp 167).

O que a Palavra me leva a dizer a Deus?

Oração da Campanha da Fraternidade 2011

Senhor Deus, nosso Pai e Criador.

A beleza do universo revela a vossa grandeza, A sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas, E o eterno amor que tender por todos nós.

Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra, E o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça.

A beleza está sendo mudada em devastação, E a morte mostra a sua presença no nosso planeta.

Que nesta quaresma nos convertamos E vejamos que a criação geme em dores de parto, Para que possa renascer segundo o vosso plano de amor, Por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.

E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida, Também nós, movidos pelos princípios do Evangelho, Possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor,

O ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo.

Amém.

Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?

Levo comigo a luz de Jesus transfigurado. Quanto mais luz levar em meus olhos, minhas mãos, minhas palavras, mais iluminado estará o mundo em que vivo.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.