Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 15 de novembro de 2009

Fortaleza: 1.700 mortes em 18 meses.

13/11/2009

A Central Única das Favelas (Cufa) revela, com exclusividade para o Diário do Nordeste, primeiros dados de sua pesquisa sobre o total de viciados no crack em Fortaleza. Segundo a Cufa, são 30 mil usuários, sendo que 70% deles entre 15 e 24 anos de idade. Eles, roubam, morrem e matam em nome do vício. Em um ano e meio, de acordo com números extraoficiais da entidade, 1.700 jovens foram assassinados na Grande Fortaleza.

Os crimes decorrentes de dívidas entre dependentes e traficantes. "Não há um número oficial sobre o fato, mas as autoridades admitem que este é um dos principais motivadores das execuções sumárias", aponta o coordenador da Central Única das Favelas, Preto Zezé.

Sobre os dados do total de dependentes do crack, ele adverte que pode ser bem maior. "Devido a velocidade como a droga se espalha entre todas as camadas da população", declara.

Um deles mora no São João do Tauape. Ricardo, nome fictício, conta que começou o vício como "uma brincadeira entre amigos". Em pouco tempo, virou um dependente, capaz, segundo o próprio, de furtar qualquer coisa para manter o vício. "O prazer que sinto em fumar uma pedra chega a ser melhor do que um orgasmo", conta ele.

Esse prazer, analisa Preto Zezé, é um dos pontos chaves na luta para enfrentar a dependência. "Imagine oferecer a uma pessoa como uma alternativa capaz de fazê-la procurar a recuperação", enfatiza.

Para ele, a falta de informações sobre o assunto pelo poder público compromete o sucesso de políticas públicas. "Não existem informações sistematizadas sobre o assunto e, por isso, não sabem os impactos sociais que a droga provoca". Zezé defende uma análise do problema sob o ponto vista da doença, da visão do usuário como doente.

"Internar a pessoa numa clínica ou em Caps não resolve nada", argumenta. O primeiro passo, aponta, é com o próprio usuário. "Se ele não reconhecer que precisa de ajuda, nada feito".

O crack é uma droga feita a partir da sobra do refinamento da merla, que, por sua vez, é sobra do refinamento da cocaína, ou da pasta não refinada misturada ao bicarbonato de sódio e água.

O uso de cocaína no Brasil tem diminuído significativamente e está sendo substituído pelo crack, pois este provoca efeito semelhante e é tão potente quanto a cocaína injetada. O crack é também de menor custo - a pedra custa em torno de R$ 5,00- e de uso mais fácil (não necessita de seringa e sim de um cachimbo improvisado).

A pedra é fumada em cachimbo ou latinhas de refrigerante/cerveja. Inalada, vai para os pulmões e chega à corrente sanguínea em cinco segundos. Os efeitos são quase imediatos. Em Fortaleza, em dois anos - 2007 a 2009 - a apreensão da droga evoluiu de oito para 110 quilos, contra 20 de cocaína. "É preciso agir, no entanto, os resultados não serão mágicos".

MEDIDAS

Seminário discute ações alternativas

Violência que gera violência: no Brasil, os jovens são alvos e também agentes dos atos de violência. Apesar de representarem 35% da população total do País, a faixa entre 18 e 29 anos de idade forma cerca de 54% da população carcerária brasileira. Como perfil, as vítimas da violência no País são, em sua maioria, do sexo masculino, residentes na periferia dos grandes centros urbanos, afro-descendentes. Também possuem baixo grau de escolaridade.

Os dados são do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, e estão sendo debatidos no seminário "Juventude e Prevenção da Violência: Novas Perspectivas". O evento, realizado no auditório da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), integra o projeto Prevenção de Violência entre Adolescentes e Jovens no Brasil: estratégias de atuação", do Programa de Segurança Pública.

A forma avassaladora como o crack se prolifera em Fortaleza é um dos destaques do seminário, que busca alternativas para o combate ao vício. O primeiro passo, além dos seminários realizados em várias capitais do País, é a confecção de pesquisa, que traçará o perfil infanto-juvenil vítima e algoz da violência.

O estudo, explica a diretora do Instituto Sou da Paz, Melina Risso, vai identificar os fatores que levam essa parcela da população à violência letal - seja como vítima ou como agressora - e propor medidas de prevenção. "Até o final de 2009, a pesquisa vai apresentar os primeiros resultados", anuncia.

De uma coisa, os participantes afirmam: todas as medidas para coibir a violência serão a médio prazo.

Fonte: Diário do Nordeste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário