Por: José Raimundo Oliva.
Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto. Ali ele foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias. Nesse tempo todo ele não comeu nada e depois sentiu fome. Então o Diabo lhe disse:
- Se você é o Filho de Deus, mande que esta pedra vire pão.
Jesus respondeu:
- As Escrituras Sagradas afirmam que o ser humano não vive só de pão.
Aí o Diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe num instante todos os reinos do mundo e disse:
- Eu lhe darei todo este poder e toda esta riqueza, pois tudo isto me foi dado, e posso dar a quem eu quiser. Isto tudo será seu se você se ajoelhar diante de mim e me adorar.
Jesus respondeu:
- As Escrituras Sagradas afirmam:
"Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele."
Depois o Diabo o levou a Jerusalém e o colocou na parte mais alta do Templo e disse:
- Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui, pois as Escrituras Sagradas afirmam:
"Deus mandará que os seus anjos cuidem de você.
Eles vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam feridos nas pedras."
Então Jesus respondeu:
- As Escrituras Sagradas afirmam: "Não ponha à prova o Senhor, seu Deus."
Quando o Diabo acabou de tentar Jesus de todas as maneiras, foi embora por algum tempo.
Esta narrativa das provações (tentações) é uma antecipação simbólica dos embates que ocorrerão durante o ministério de Jesus. há aqui uma alusão ao Êxodo (cf. primeira leitura): a provação no deserto durante quarenta "anos" com a falta do pão. O Diabo (o que divide, caluniador, adversário) representa tudo que se opõe ao Reino de Deus. A primeira provação do Diabo exprime o confronto de Jesus com uma religião mistificadora, de resultados imediatos. Assim eram a purificação das impurezas e o perdão dos pecados que seriam obtidos no Templo, mediante as ofertas preceituadas. A resposta de Jesus é a negação da magia e a afirmação da força transformadora da Palavra de Deus (cf. segunda leitura).
A segunda provação é o confronto com um sistema religioso que, na realidade, respaldava uma elite de poder e riqueza. A resposta é: só a Deus se adorará. O Deus de Jesus é o Deus da misericórdia e da vida.
A terceira provação é a oferta do messianismo a Jesus. O messias, quando viesse, iria se dirigir ao povo do alto do Templo. A resposta é decisiva: "Não porás à prova o Senhor, teu Deus". Jesus tinha consciência de que sua missão não era a de um messias davídico glorioso, mas sim a de um "humano" (Filho do homem) participante de vida divina, a ser oferecida a todos. A Quaresma é o tempo da renúncia a uma religião de magia, de poder ou da elite. É o tempo do amadurecimento da fé em Jesus que transforma os corações por sua palavra, humilde e universal.
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