AVANÇA A discussão para qualificar e valorizar a carreira de delegado da Polícia Civil paulista. Duas entidades de classe do segmento propõem que a admissão no concurso da Ordem dos Advogados do Brasil se torne requisito para a disputa de uma cadeira de delegado -exigência hoje restrita a defensores públicos e a quem queira exercer a advocacia.
O mais recente exame da OAB, de maio, reprovou quase 90% dos 19 mil inscritos. Trata-se de um índice do rigor da prova, bem como de sua utilidade na promoção de uma primeira seleção para aspirantes a carreiras jurídicas. Como delegados lidam o tempo todo com enquadramentos legais, a sociedade só terá a ganhar se a proposta das associações de classe, em análise no governo estadual, for efetivada.
Um único senão poderia ser levantado contra a ideia: ela talvez estrangulasse a oferta de candidatos a delegado, a ponto de reduzir demais a competição pela carreira. Mas hoje, só no Estado de São Paulo, há 285 mil pessoas admitidas no exame da OAB, massa crítica suficiente para qualquer concurso público.
Além disso, deixar de elevar as exigências de admissão de delegados apenas reforça os aspectos pouco atrativos da carreira. O caminho, obviamente, é melhorar as condições de trabalho e remuneração, a fim de que o concurso atraia mais postulantes qualificados. No caso de um profissional da importância do delegado, num Estado desenvolvido como São Paulo, há o que melhorar.
Na capital paulista, onde se paga mais, o salário de delegado iniciante da Polícia Civil é R$ 5.810, valor que não superará R$ 14.850 no fim da carreira. Um delegado da Polícia Federal já assume o posto com R$ 13.368 -e com o decorrer do tempo pode receber até R$ 19.699.
A equação, portanto, é conhecida. Cumpre ao poder público exigir maior qualificação dos delegados, desde que acompanhada da devida valorização salarial.
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