Depois de quase seis anos preso em regime fechado, o mecânico Waldeci Chagas, 42 anos, está contando os dias para começar no novo trabalho, em uma oficina de São Luis (MA). Agora em regime semi-aberto, ele começa a trabalhar na próxima terça-feira (13/10), depois de concluir a formação em Mecânico Reparador de Motor a Álcool e Gasolina, oferecido na Penitenciária de Pedrinhas , Maranhão, como fruto do programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O programa visa promover a reintegração na sociedade e no mercado de trabalho de presos e egressos do sistema penitenciário.
Waldeci é um dos 15 presos que participaram da formação que é resultado de uma parceria entre a Coordenação de Assistência aos Encarcerados (CAE) da Corregedoria Geral da Justiça do Maranhão , o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai ) e a Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária do estado. Durante um mês, os detentos participaram todos os dias, durante oito horas, de aulas teóricas e práticas de mecânica de automóveis, além de debates sobre a convivência com a família e a sociedade. "Para mim que já trabalhava como mecânico, mas estava há 20 anos fora do mercado, foi uma oportunidade de atualizar conhecimentos. Espero que portas como esta também se abram para outros detentos", disse Waldeci.
O mecânico cumpre pena de 22 anos, por latrocínio (roubo seguido de morte). Sua sentença foi dada apenas em julho deste ano, embora ele tenha ficado durante cinco anos e oito meses aguardando o julgamento na prisão. Recentemente, com o apoio do Núcleo de Advocacia Voluntária, projeto do CNJ que presta assessoria jurídica gratuita aos presos, Waldeci passou para o regime semi-aberto e, com o curso, viu crescer sua esperança de começar uma nova vida fora das grades, junto com a mulher, as duas filhas e as duas netas. "Essa iniciativa vai contribuir para reduzir os índices de criminalidade, pois muitos dos que estão aqui cometeram delitos porque não tinham uma profissão", observou.
Mesmo sem ter nenhuma noção de mecânica, muitos dos presos que participaram do curso já se sentem preparados para trabalhar na área. O marceneiro Orlando Ramos da Silva, 39 anos é um deles. Preso há mais de cinco anos por homicídio, ele disse que agora se sente qualificado e pronto para trabalhar na área de mecânica. "A gente não pode se entregar ao erro que cometeu. Esse curso vai me fazer sair daqui com outra cabeça e me ajudará a conseguir emprego lá fora", comemorou. Para a coordenadora especial de Assistência aos Encarcerados do MA, Marilene Aranha a iniciativa de promover cursos para os presos dentro das penitenciárias é uma forma de humanizar o sistema carcerário.
Em menos de um ano, Orlando espera obter o direito de cumprir pena em regime semi-aberto, para começar a trabalhar. Até lá, está trabalhando na confecção de móveis dentro do presídio e já espera ansioso pelos próximos cursos de pedreiro e eletricista predial que em breve serão oferecidos. "O homem não deve saber apenas sobre um assunto, qualquer conhecimento que faça a gente crescer é sempre bem-vindo", afirmou. Em fevereiro deste ano 20 detentas do Centro de Reeducação e Inclusão Social de Mulheres Apenadas do Maranhão (Crisma), também participaram de uma formação em corte e costura, também oferecida como parte do programa Começar de Novo do CNJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário