Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A nova “Mãe de Todas as Batalhas”: a maconha contra o crack...

13/08/2010

Quando Saddam Hussein disse que iria travar a “Mãe de Todas as Batalhas” com os Estados Unidos, pensei que os absurdos tinham atingido seu apogeu, mas não, a capacidade de surpreender de certas pessoas não tem limites.... O mundo viu como ele acabou: humilhado, sujo e maltrapilho, dentro de um buraco. Dali saiu para a prisão até ser executado, cumprindo uma sentença de morte da qual ninguém pediu clemência, todos perceberam que ele tinha hora marcada com a história...

Na semana que passou, lembrei Saddam quando um grande jornal do país publicou um artigo no qual um ex-deputado federal, “especialista” em segurança pública, direitos humanos e sei lá mais o quê, escreveu um artigo comentando que a maconha pode ajudar os viciados em crack a abandonar o vício... Ele não repetiu a frase do Saddam, mas considero esta “viagem” uma segunda “Mãe de Todas as Batalhas”... Diferente da outra, sem armas nem bombardeios, ela tem a pretensão de convencer que usar maconha é solução para alguma coisa, e, pior: que ela pode ser utilizada como “arma” para enfrentar uma droga devastadora como o crack...

Ele comenta que 50 dependentes químicos do crack foram submetidos a um tratamento experimental de “redução de danos”. Que sob a coordenação de um psiquiatra, o grupo foi “tratado” com maconha e que 68% trocou o crack pela maconha... E, incrível: ao final de três anos, todos os que fizeram a troca não usavam qualquer droga (nem o crack, nem a maconha). O texto é longo, mas não posso deixar de fora a conclusão a que o articulista chegou: “É possível que a maconha seja mais uma opção alternativa às drogas pesadas e não uma droga de passagem. Independente disso, é possível que a maconha seja uma porta de saída para a dependência química por drogas pesadas. O que, se confirmado, será uma ótima notícia”.

O jornal, talvez preocupado com a indignação dos leitores, que protestaram através de e-mails, voltou ao assunto com outro tipo de abordagem. Citando especialistas, esclareceu que o tratamento de “redução de danos” que apontou a maconha como remédio para derrotar o vício em crack é considerado inválido e até mesmo irresponsável na comunidade científica brasileira. Publicou também a opinião do chefe da unidade de dependência química de um conceituado hospital do país que diz que o brasileiro começa com álcool e quem evolui para as drogas ilícitas passa primeiro pela maconha e depois para a cocaína. Diz ainda que, em 40 anos, nunca tratou um usuário de cocaína e de crack que não tivesse começado pelo álcool e pela maconha.

Mas o assunto não parou por aí, o jornal continuou com o tema mostrando que existem maneiras mais dignas de se enfrentar o crack - felizmente. Numa matéria intitulada “Combate à pedra - Van vai atender usuário de crack”, focalizou um projeto com o nome “Pintando Saúde” que usará uma van grafitada, como se fosse um consultório ambulante. Na van estará uma equipe formada por educador físico, assistente social, psicólogo, enfermeiro, terapeuta ocupacional e técnico de enfermagem. A missão deles: fazer o caminho inverso - em vez do drogado procurar o auxílio, ele será abordado sutilmente e só aceitará ajuda se quiser. “Vamos convidá-lo a mexer no computador, assistir à TV, jogar bola, vamos falar a língua dele. Só depois vamos perguntar onde mora, se quer conversar e se comeu” - explica um dos componentes da equipe.

Se a tese da distribuição de maconha fosse vencedora, não seria difícil aparecer movimentos apoiando a ideia do uso da maconha como remédio contra drogas... Certamente não faltaria alguém para dizer que aquele conhecido político tinha razão quando pediu aos bandidos de São Paulo que estuprassem, mas não matassem... Não faltariam também “especialistas” para defender a distribuição de revólveres para bandidos que desistissem de usar metralhadoras e fuzis, pois assim poderiam dar sua contribuição na extravagante tese de “redução dos danos”... Seria, para alguns, a confirmação da regra de que a diferença entre o veneno e o remédio é apenas a dose...

Felizmente, a nova “Mãe de Todas as Batalhas” não foi travada. As drogas leves não precisarão enfrentar as pesadas, num confronto onde é fácil prever quem vai vencer. Os derrotados certamente seriam encontrados sujos e humilhados, no mesmo buraco onde se escondeu o primeiro idealizador deste tipo de combate tão desigual...

e-mail vala1@uol.com.br
blog    www.valacir.com

Fonte: Federação Nacional dos Policais Federais

Um comentário:

  1. A droga em si ainda é vista como algo que tem vontade própria, como se ela fizesse posse de alguém e condenasse essa pessoa à morte. E não é assim, as pessoas procuram as drogas, e as procuram por questões individuais ou coletivas, de cunho cultural, de hábitos, valores e do meio em que se vive. O estudo com a maconha para tratar viciados não é tão novo, foi até reconhecido internacionalmente (há uma resposta do autor do estudo ao que o jornal publicou desclassificando o estudo). Não é possível combater algo que não possui vida ou prevenir algo que não é doença. O que precisa é de educação individual com transmissão de conhecimento, e quando digo conhecimento não são valores morais ou religiosos, mas conhecimento. Deve-se conhecer os riscos e se decidir se o uso de uma substancia ou outra trará riscos ou não. Está mais que provado que boa parte da nocividade da droga está em sua proibição e falta de controle, e que maconha é menos nociva que o álcool. Então me pergunto, porque não regularizar essa venda, deixando a na mão do estado e não mais dos marginais (que se tornam marginalizados por conta da proibição)? Assim se poderia mais investir em saúde para quem realmente precisa, já que, assim como ocorre com álcool e tabaco, nem todo usuário tem problemas com o uso da droga. É um ponto de vista, tudo isso deveria ser mais debatido..

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