13/05/2009
Rio de Janeiro - Nos últimos cinco anos, as internações de pessoas feridas por arma de fogo em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) no país custaram R$ 93 milhões aos cofres públicos. Entre janeiro de 2004 e dezembro de 2008, houve 88 mil internações deste tipo registradas em todo o Brasil. O levantamento foi feito pela Agência Brasil, com base nos dados do SUS.
Para a pesquisadora Edinilsa Ramos, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública, os custos com tratamento de baleados no país são ainda maiores, já que estes dados do SUS mostram apenas as internações e não incluem os gastos com pacientes que morreram nas emergências ou que receberam alta sem precisar da internação.
Segundo Ramos, as agressões por armas de fogo geram um ônus muito grande para a saúde pública brasileira. "Para a saúde, sobra esse ônus de atender a esses feridos, de atender às pessoas que precisam de cirurgias. E essas cirurgias, muitas vezes, envolvem equipes altamente especializadas, porque [os pacientes] são politraumatizados, são feridos por armas de fogo que produzem um estrago muito grande no corpo das pessoas", disse.
A pesquisadora acrescenta ainda que os custos com os ferimentos por bala extrapolam a questão do atendimento nos hospitais. Segundo ela, o uso das armas de fogo tem também custos sociais que não podem ser medidos, como a perda ou incapacitação de um chefe de família e os gastos com aparatos de segurança.
Os dados do SUS mostram ainda que 88% das internações de 2004 a 2008 foram de pacientes do sexo masculino e que quase 60% das vítimas internadas tinham entre 15 e 29 anos. "O padrão epidemiológico é esse: são pessoas jovens, que são as maiores vítimas, do sexo masculino, de cor negra e moradores das áreas empobrecidas das grandes cidades", afirma Edinilsa Ramos.
Entre os estados que tiveram mais gastos com o tratamento de baleados estão São Paulo, com R$ 20,7 milhões (19.200 internações); Minas Gerais, com R$ 13 milhões (8.500 internações); Bahia, com R$ 12,6 milhões (12.300 internações); Rio de Janeiro, com R$ 7,8 milhões (8.400 internações); Rio Grande do Sul, com R$ 6 milhões (5.600 internações); e Ceará, com R$ 5,5 milhões (5.200 internações).
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