Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 13 de dezembro de 2009

MENSAGEM DA SEMANA: A mensagem de João Batista.

Por Padre Bantu Mendonça K. Sayla

10 E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois? 11 E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira. 12 E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? 13 E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. 14 E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo. 15 E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo, 16 Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 17 Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga. 18 E assim, admoestando-os, muitas outras coisas também anunciava ao povo.

O terceiro domingo do Advento tem um sabor de alegria. É o “domingo da alegria”, pedagogicamente colocado pela Igreja nesta proximidade do Natal. É como quem está fazendo uma viagem e, depois de uma boa caminhada, avista além da última curva da estrada o lugar para onde está viajando. Que alegria! E esse lugar para onde vamos caminhando é o Natal. É o nosso encontro com Deus, com o Messias, o Deus-conosco, que veio morar em nossa terra: “Alegrai-vos, O Senhor está perto”.

A alegria é tão grande que, a Liturgia, para bem expressá-la, vai buscar uma página de Isaías, onde se fala da volta do exílio. É como se a Palestina, terra tradicionalmente árida como o deserto e a estepe, se cobrisse de uma exuberante vegetação, e por toda parte brotassem as flores, lembrando a majestosa beleza do Líbano e do Carmelo. Só mesmo Isaías, grande profeta e grande poeta, sabe dizer as coisas com tão cativante beleza.

Cristo vem transformar o mundo numa terra de paz e de verdadeira alegria. Isaías o diz com expressões vigorosas. Prevê os cegos recuperando a vista, os surdos recuperando a audição,  os paralíticos readquirindo os movimentos, e até os mortos ressuscitando. E, particularmente precioso no meio de tudo isso, a Boa-nova sendo anunciada aos pobres. Tudo isso está no Evangelho, no lugar onde Jesus mostra aos discípulos de João Batista o que estava acontecendo ao redor dele. Era a resposta concreta que dava a esses discípulos, que lhe vinham perguntar se ele era o Messias ou se deviam esperar outro. Notemos que as curas e as ressurreições anunciadas por Isaías são apenas sinais da ampla transformação moral que a doutrina de Jesus, vivificada pela sua morte e ressurreição, vinha realizar no mundo. A humanidade é como a terra árida do deserto, onde brotam os espinhos do pecado e de toda a maldade. Sobre ela cai a chuva do céu trazida por Jesus - gotejai, ó céus lá do alto, derramem as nuvens a justiça, e o mundo se transforma. Tudo são flores de vida e de virtude.

Essa transformação não acontece de repente. Ela pede de nós uma longa paciência. “Como a do agricultor que espera o precioso fruto da terra, aguardando pacientemente as chuvas do outono e as da primavera”.

Há um belo provérbio europeu que diz que os moinhos de Deus moem devagar. E é assim mesmo. Nós que vivemos num mundo caracterizado pelo ritmo da velocidade, da eletrônica, da informática, não sabemos mais descobrir como tudo o que se refere à vida, à saúde, à educação, ao cultivo do espírito tem que ser feito com respeitosa tranquilidade. Uma árvore não cresce de repente. Uma criança não se educa de repente. Não se faz um santo de repente. E, para sermos bem práticos, não se reforça de repente uma sociedade, sobretudo quando nela cresceram e se desenvolveram longamente a corrupção e a irresponsabilidade. É preciso um trabalho persistente e confiante, onde todos colaborem. Com seriedade, com perseverança, com iluminada esperança.

E temos que dizer que esse é o trabalho que o Cristianismo se empenha em realizar ao longo dos séculos. E temos que reconhecer, sem falso otimismo, que muita coisa melhorou no mundo. No relacionamento das pessoas, na superação do radicalismo, no reconhecimento dos valores de cada um, na capacidade de diálogo, inclusive diálogo entre as nações, deixando cada vez mais para trás o recurso à guerra como único caminho para se resolverem os conflitos, no respeito à própria natureza, crescendo sempre mais a consciência de que é preciso defender os bens que são de todos, como a água, o verde, e até o silêncio e a harmonia. E, se muita coisa continua errada - como atestam os assaltos e as violências de todo tipo - é porque os homens não estão aceitando a proclamação do Evangelho.

É porque nós, cristãos, não sabemos ser esse fermento na massa que modifica o mundo numa santificadora levedação espiritual. Não sabemos ser essa luz que ilumina pelo exemplo de sabedoria. Não sabemos ser o sal que tempera a sociedade com o sabor do bem e da virtude. Temos que aprender de São João Batista a não sermos caniços que o vento dobra, nem criaturas cheias de vaidade.

Espírito que converte para Deus, que eu permaneça atento aos apelos de conversão que me são dirigidos, para merecer ser acolhido no Reino proclamado pelo Messias Jesus.

Fonte: Canção Nova.

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