Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 1 de agosto de 2010

Para que acumular? A riqueza não garante a vida - Lc 12,13-21.

Preparação para a Leitura Orante

- A nós, a paz de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na comunhão do Espírito Santo. - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo! Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Preparo-me para a Leitura, rezando com todos que navegam pela internet, com Santo Tomás de Aquino: Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que te conheça, uma vontade que te busque, uma sabedoria que te encontre, uma vida que te agrade, uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que te possua, enfim. Amém.

Leitura Orante

Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus:

- Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.

Jesus disse:

- Homem, quem me deu o direito de julgar ou de repartir propriedades entre vocês?

E continuou, dizendo a todos:

- Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas.

Então Jesus contou a seguinte parábola:

- As terras de um homem rico deram uma grande colheita. Então ele começou a pensar: "Eu não tenho lugar para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? Ah! Já sei! - disse para si mesmo. - Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. Então direi a mim mesmo: 'Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.' " Mas Deus lhe disse: "Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?"

Jesus concluiu:

- Isso é o que acontece com aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos.

O que diz o texto do dia?

Leio atentamente o texto Lc 12,13-21, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.

A questão que o homem, no meio da multidão, expõe, leva Jesus a esclarecer que ele não veio para resolver interesses pecuniários ou de dinheiro. Para que acumular? O Mestre mais ensina a dar e partilhar do que a reclamar direitos. E toca a raiz do que vicia as relações humanas: o ter. Um grande profeta de nosso tempo, padre Alfredinho, dizia que "o que divide a comunidade é o dinheiro". E o Salmo 49, salmo sapiencial sobre a condição do homem, recorda que a riqueza não é um seguro de vida. O rico da história que Jesus conta é um bom exemplo de confiança nas riquezas. No seu monólogo revela que seu horizonte é bastante pequeno: esta vida! A isto responde Deus: "Seu tolo. Esta noite você vai morrer". Rico para Deus é quem ajuda o próximo, como diz o livro dos Provérbios: "Quem se compadece do próximo empresta a Deus" (Pr 19,17

O que o texto diz para mim, hoje? Qual palavra mais me toca o coração?

Entro em diálogo com o texto. Quais são minhas preocupações? Cuido de assegurar a mim e à minha família uma vida digna ou me preocupo demais com o ter, acumular para o futuro. Acaso o ter para mim é como um "seguro de vida"? O meu horizonte termina nesta vida ou a cada dia, vislumbro o Reino que não tem fim?

Os bispos, em Aparecida, disseram: "Segundo a Doutrina Social da Igreja, "o objeto da economia é a formação da riqueza e seu incremento progressivo, em termos não só quantitativos, mas qualitativos: tudo é moralmente correto se está orientado para o desenvolvimento global e solidário do homem e da sociedade na qual vive e trabalha. O desenvolvimento, na verdade, não pode se reduzir a um mero processo de acumulação de bens e de serviços. Ao contrário, a pura acumulação, ainda que para o bem comum, não é uma condição suficiente para a realização de uma autêntica felicidade humana". A empresa é chamada a prestar uma contribuição maior na sociedade, assumindo a chamada responsabilidade social-empresarial, a partir dessa perspectiva". (DAp 69).

O que o texto me leva a dizer a Deus?

Rezo com o Jesus a Oração da Partilha: o Pai Nosso

Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de nós.

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.

Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus, que não é conforme o Projeto de Jesus Mestre.Disponho-me a dar e partilhar mais do que a reclamar direitos.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

COMENTÁRIO AO EVANGELHO 1

No Evangelho de hoje temos um dos quatro textos exclusivos de Lucas que, de modo contundente, denunciam a ambição e a acumulação das riquezas. Os outros três são os seguintes: o Cântico de Maria (Lc 1,52-53), os quatro "ais" (Lc 6,24-26) e a parábola do pobre Lázaro (Lc 16,19-31). No Evangelho de hoje, Jesus é procurado

por alguém do meio da multidão pedindo-lhe que intervenha na partilha de uma herança. Esta partilha devia obedecer a critérios previstos na Lei religiosa e poderia ser submetida ao julgamento de algum doutor da Lei. Jesus rejeita desempenhar tal papel de mediador nesta questão de partilha da riqueza. Ele não fica na casuística, mas vai ao fundo da questão, aproveitando este caso para a denúncia da ambição e da acumulação de riquezas. Dirige-se, então, não só ao homem que o procurou, mas a todos, em todos os tempos, prevenindo contra a ganância. Toda acumulação de bens, a partir do trabalho de outros, é injusta e inaceitável. Mas mesmo que a posse de bens acumulados seja resultado de uma herança, tal posse não pode ser o sentido da vida. Jesus conta, então, a parábola do homem rico que armazenou a abundante colheita de sua terra em grandes celeiros, pensando que, assim, poderia gozar sua vida em segurança. Tolice! A riqueza não garante a vida e perturba o sono (cf. primeira leitura). A fonte da vida é Deus, e dela usufrui quem se dedica aos valores do Reino. Na parábola é dito: "A terra de um homem rico deu uma grande colheita [.]; vou construir maiores celeiros e neles guardar o meu trigo [.]". hoje podemos dizer também a este homem: quem colheu, quem construiu os celeiros e quem guardou a colheita nos celeiros foram os trabalhadores explorados. A tua falsa segurança é uma riqueza injusta, e a tua ganância o afasta de Deus (cf. segunda leitura)! É o respeito à dignidade do irmão e a prática da partilha que nos levam à comunhão de vida eterna com Deus. Em fins do século IV, São João Crisóstomo afirma, em sua homilia sobre a Primeira Carta a Timóteo, que "não é possível enriquecer sem cometer mil iniquidades", e quem recebe a herança de seu pai "recebe o que foi juntado à força de iniquidades", por aqueles que "se apoderaram e beneficiaram do alheio".

Autor: José Raimundo Oliva

COMENTÁRIO AO EVANGELHO 2

Neste final de semana abre-se em toda a Igreja o mês das vocações. Vocação, chamado que Deus faz a cada um de nós para que venhamos a segui-Lo em um estado específico de vida.

Independente do estado de vida para o qual fomos chamados, o primeiro chamado não consiste em realizarmos algo, a começar pela evangelização, por exemplo; o Senhor nos chamou para estarmos com Ele, para sermos íntimos d’Ele e, consequentemente, Ele nos dirá o que temos que ser, para depois fazermos algo, no caso, evangelizar.

A grande pergunta para cada um de nós, na liturgia deste final de semana, é esta: de quem será o que foi acumulado por cada um de nós? O que estamos acumulando?

O ser humano traz algo dentro de si que é interessantíssimo. Sempre, quando nos deparamos com algo de que gostamos muito, logo nos perguntamos: “Por que não possuir isso?” Esta pergunta, muitas e muitas vezes, é feita de forma inconsciente. A causa disso é que nós sempre vamos querer acumular aquilo que amamos ou passamos a amar; queremos trazer dentro de nós, sempre, aquilo e aqueles que amamos.

Mas a questão fundamental é esta – e aí está a loucura que Jesus aponta -: nada daquilo que acumulamos poderá de ir conosco ou permanecer eternamente após o término da nossa vida na terra.  Segundo a Palavra de Deus, o homem que mandou construir celeiros para armazenar os seus bens não imaginava que iria partir ainda naquela noite e que nada poderia ir conosco e permanecer eternamente neste mundo.

Só há uma realidade que permanece eterna e vai conosco após nossa partida deste mundo: só ficarão, e será isso que poderemos apresentar diante de Deus: os valores e as virtudes que tivermos vivido. Perpetuamos os valores e as virtudes à medida que nos ocupamos com isso, educando as pessoas que estão sob a nossa responsabilidade, para que vivendo, propaguem o amor pelo bem que são e propagam.

O que estamos acumulando em nossa vida? São pessoas e bens materiais ou são valores e virtudes, realidades estas que jamais morrerão? Não nos esqueçamos jamais disso: acumulamos aquilo que amamos; amemos o Senhor de forma concreta e objetiva: sendo homens e mulheres apaixonados pelos valores e virtudes, visto que não há maior valor do que sermos de Deus e termos vindo d’Ele.

Tudo nos será tirado; só permanecerá a melhor parte, aquela que nunca nos será tirada: a vida vivida em Deus e por Deus, fundamentada nos valores e nas virtudes!

Padre Pacheco - Comunidade Canção Nova.

Nenhum comentário:

Postar um comentário