08.03.2011 - 10:09
Superando preconceitos, elas assumem cargos do alto escalão nas corporações
Agência Alagoas
Preconceito e exigência versus sensibilidade e vaidade. Assim é marcada a vida profissional das mulheres, que há anos batalham por seus direitos. E foi por reinvindicar igualdade perante os homens, que em 1910 foi decidido que no dia 8 de março seria comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data foi escolhida para homenagear as operárias que foram mortas em 1857, quando lutavam por melhores condições de trabalho.
Atualmente, ainda há quem discuta a presença delas nas corporações policiais. Mesmo com todos os avanços, as mulheres ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional.
Essa luta em prol dos direitos das mulheres se intensifica ainda mais quando a profissão desejada é, na visão da sociedade, atribuída somente para homens, como a área policial. A presença das mulheres na polícia, militar ou civil, está cada vez maior. E em Alagoas não é diferente. Isso se dá devido à comprovação de que a ala feminina é capaz de manusear armamentos, pilotar aviões ou aplicar técnicas de condução de indivíduo exaltado, tão bem quanto os homens.
Na Polícia Militar, as mulheres ocupam inúmeros postos de comando, como é o caso da major Valdenize Ferreira, que ingressou na polícia no ano de 1989, quando foi formada a primeira turma de praça feminina na área militar de Alagoas. Segundo a major, alguns fatos marcaram o início da profissão, a exemplo de dificuldades e desafios em um universo predominantemente masculino. “Naquela época, enfrentamos preconceitos e exigências que chocavam com a sensibilidade e vaidade inerente às mulheres. Mas eu sabia que estava ali porque queria. Era o que eu sempre tinha almejado”, contou.
Atualmente, a major Valdenize é coordenadora Estadual do Programa de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que busca valorizar a vida e promover a cultura da paz por meio do resgate de jovens que estão em situação vulnerável em relação à violência e ao uso de drogas. Por esse trabalho, a major já recebeu um prêmio de Mérito pela Valorização da Vida.
Outro exemplo de superação feminina dentro da Polícia Militar de Alagoas é a tenente-coronel Ana Paula, que se apaixonou pela formação militar quando tinha aproximadamente 17 anos. “Naquele momento, eu reagi como se fosse um mundo novo, com muita curiosidade e interesse. Foi quando me inscrevi para o concurso da PM de Alagoas”, declarou Ana Paula.
A tenente-coronel considera que o mundo era essencialmente masculino, mas que hoje isso está mudando. “Eu acredito que essa situação vai mudar mais, pois a mulher ainda está buscando ganhar o seu espaço”, disse. Para ela, dentro da corporação não existe um nível alto de preconceito, mas sim uma relutância da parte masculina, que teima em não ceder espaço para as mulheres.
Outro nome que também pode ser citado como exemplo feminino de destaque na PM é o da tenente-coronel Fátima Escaliante, que dirige o Colégio da Polícia Militar, onde são formados jovens e filhos de militares.
Polícia Civil – A presença feminina também é destaque na Polícia Civil de Alagoas. A prova disso é que já chega a 27 o número de mulheres na direção de setores da PC, dentre elas estão as delegadas Paula Mercês, Maria Angelita e Maria José Ferreira, que comandam as Delegacias Especiais de Defesa da Mulher.
Outra grande prova da capacidade da mulher em comandar corporações dentro da PC é a atuação da Delegada Simone Marques, que desde 2008 dirige a Academia da Polícia Civil. Segundo ela, nunca houve preconceitos dentro da polícia, em relação a ela, mas da parte da população, existia um sentimento de surpresa, quando eles iam na delegacia e se deparavam com uma mulher.
“As pessoas se assustavam ao ver uma mulher delegada, mas isso está mudando, já estão se acostumando”, disse Simone. De acordo com a delegada, o papel das mulheres dentro da polícia é muito importante, principalmente em situações que exijam uma atuação muito próxima das pessoas. “A competência e a dedicação das mulheres no desempenho das suas tarefas estão contribuindo para que a visão de sensível e incapaz esteja desaparecendo”, disse.
Para Simone, cabe às mulheres, como aos homens, atuar com profissionalismo e dedicação, sem deixar margens para críticas. “Há espaço para todos. Se você gosta do que faz e tem disposição, o sexo não interfere”, completou a delegada.
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