27/09/2011 – 08:38
A exemplo da UPP no Rio de Janeiro, 360 policiais foram treinados para combater o tráfico e proteger os moradores nos três bairros da cidade.
As três bases comunitárias de segurança começam a trabalhar hoje. O modelo é parecido com o da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro. A região também tem a maior densidade demográfica da Bahia: 53 mil habitantes por quilômetro quadrado, cinco vezes mais do que a média do município de Salvador.
Os bairros de Nordeste do Amaralina, Chapada do Rio Vermelho e Alto da Santa Cruz estão entre os mais pobres de Salvador. Eles formam uma ilha em meio a bairros ricos da cidade. Os três bairros reúnem cerca de 120 mil moradores. A região é considerada uma das mais inseguras da cidade. É como se fosse o “Complexo do Alemão de Salvador”.
As bases comunitárias foram instaladas em pontos estratégicos, de onde o movimento das ruas pode ser observado. Ao todo, 360 policiais foram treinados para combater o tráfico e proteger os moradores. “Nossa determinação é para que eles façam uma polícia muito mais próxima dessa comunidade”, afirmou o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa.
Das grandes capitais brasileiras, Salvador é a mais violenta. De acordo com dados do Observatório da Segurança Pública baseados em estatísticas oficiais, a capital baiana registra 62 homicídios em cada grupo de 100 mil habitantes. Essa média é seis vezes maior do que a de São Paulo, por exemplo, que tem em torno de dez homicídios.
O objetivo das bases de segurança é reverter esse quadro. A primeira experiência funciona há quase seis meses no bairro do Calabar. Táxi não entrava a qualquer momento, nem o carro do gás. O bairro era dominado por duas facções criminosas.
A guerra entre os traficantes matou seis pessoas no Calabar em 2010. Em 2011, até agora nenhum homicídio foi registrado. “O tráfico de drogas diminuiu em 80% a ocorrência”, contou um policial.
Oito câmeras de vídeo fazem o monitoramento. As ruas e os moradores foram cadastrados e os policiais passaram a fazer visitas rotineiras nas casas. “Estamos dormindo em paz”, disse a diarista Tereza Santos.
Mas nem tudo está resolvido. Metade dos jovens do bairro está na mesma situação de Paulo Emílio dos Santos: além de atrasado no currículo escolar, ainda enfrenta o preconceito do mercado formal de trabalho.
“Só porque eu disse que morava no Calabar, fizeram aquela má vontade em aceitar e me pediram para retornar depois. Eles nem me ligaram”, contou Paulo Emílio dos Santos, que está desempregado.
O Calabar tem 22 mil habitantes, e a base comunitária funciona com 120 policiais. O que precisa ser aperfeiçoado nessa base do Calabar? “É a integração entre o trabalho da base comunitária com a inteligência policial para realmente acabar com a criminalidade. Se não fizer isso, a base vai acabar servindo de segurança para os criminosos. Com certeza, este não é o objetivo da base”, afirmou Carlos Costa, especialista em segurança pública.
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