Preparação para a Leitura Orante
Preparo-me para a Oração da Palavra, com todos os internautas, com as palavras de Santo Agostinho:
Movei-me, Espírito Santo, para que eu ame santamente!
Fortificai-me, Espírito Santo, para que eu proteja o que é santo!
Guardai-me, Espírito Santo, para que jamais perca o que é santo!
Leitura Orante
Mt 21,33-43
Jesus disse:
- Escutem outra parábola: certo agricultor fez uma plantação de uvas e pôs uma cerca em volta dela.
Construiu um tanque para pisar as uvas e fazer vinho e construiu uma torre para o vigia. Em seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo da colheita, o dono mandou alguns empregados a fim de receber a parte dele. Mas os lavradores agarraram os empregados, bateram num, assassinaram outro e mataram ainda outro a pedradas. Aí o dono mandou mais empregados do que da primeira vez. E os lavradores fizeram a mesma coisa. Depois de tudo isso, ele mandou o seu próprio filho, pensando: "O meu filho eles vão respeitar." Mas, quando os lavradores viram o filho, disseram uns aos outros: "Este é o filho do dono; ele vai herdar a plantação. Vamos matá-lo, e a plantação será nossa."
- Então agarraram o filho, e o jogaram para fora da plantação, e o mataram.
Aí Jesus perguntou:
- E agora, quando o dono da plantação voltar, o que é que ele vai fazer com aqueles lavradores?
Eles responderam:
- Com certeza ele vai matar aqueles lavradores maus e vai arrendar a plantação a outros. E estes lhe darão a parte da colheita no tempo certo.
Jesus então perguntou:
- Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem?
"A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas.
Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!"
E Jesus terminou:
- Eu afirmo a vocês que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado para as pessoas que produzem os frutos do Reino.
O que a Palavra diz?
COMENTÁRIO 1
Mais uma parábola de Jesus, em que os lavradores lembram os profetas que pregavam a justiça e foram eliminados. Por fim, Deus enviou seu próprio Filho, Jesus Cristo, que também foi rejeitado e morto. Mas, ressuscitou. O resultado disso: "o Reino será tirado de vocês e dado para pessoas que produzem frutos". O último versículo faz entender que em torno de Jesus estão aqueles que não vêm para tomar posse, mas para servir.
COMENTÁRIO 2
Esta parábola, desenvolvida no estilo narrativo, como algumas outras semelhantes de Mateus, parte de uma imagem que implica em uma relação de poder comum nas sociedades. Aqui temos o conflito entre o proprietário e os arrendatários. Desta relação de poder emergem detalhes de violência envolvendo ambas as partes. A sua interpretação deve ser cuidadosa, evitando-se uma imagem final de um deus violento e vingativo, a qual é muito característica do Primeiro Testamento. O Deus de Jesus é o Deus acolhedor que transforma os corações pelo amor.
Conforme a narrativa de Mateus, no dia seguinte ao da denúncia do Templo de Jerusalém como tendo se tornado um covil de ladrões, Jesus volta aí, enfrentando a hostilidade dos chefes dos sacerdotes e anciãos do povo que questionavam sua autoridade. Lhes apresenta, então, a parábola dos dois filhos, um faz a vontade do pai e outro não, seguida desta parábola envolvendo a vinha arrendada, que é uma denúncia do governo teocrático do Templo de Jerusalém, que, em nome de Deus discriminava e oprimia o povo, em vez de promover-lhe a vida, e planejava a morte do próprio Jesus. A vinha, na tradição profética de Israel, representa o povo. Na primeira leitura o profeta Isaías fala da vinha, que é a casa de Israel. Quem cuida da vinha é o próprio Deus. A vinha, embora bem cuidada, não deu frutos. Esperava-se que frutificasse o direito e a justiça, mas só se viu a tirania e o clamor do oprimido. Nesta parábola de Mateus, Deus é o proprietário da vinha, que representa o povo, a qual é entregue aos cuidados de agricultores arrendatários, como uma alusão aos dirigentes religiosos de Jerusalém. A estes cabia conduzir o povo de Deus fazendo frutificar a justiça e o direito. Mas tal não aconteceu. Quando o Filho de Deus vem para colher estes frutos, não só não os encontra como será morto por estes dirigentes. A sentença final significa uma reviravolta: o Reino de Deus será tirado destes dirigentes e entregue a um povo que produza frutos. Jesus lançou as sementes de uma nova vinha. É um povo entre o qual vigora "tudo que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável ou honroso, com tudo o que é virtude ou louvável" (segunda leitura). O amor e a justiça unem a todos na paz e seus frutos permanecem para sempre.
José Raimundo Oliva
COMENTÁRIO 3
No Evangelho de hoje, Jesus conta a parábola dos trabalhadores maus. Esta história contada por Jesus retrata a incredulidade do povo de Israel – numa primeira fase – e, na segunda, de cada um de nós quando, deixando-nos orientar pelo orgulho e pela ganância, nos apoderamos dos bens que pertencem a Deus e nos rebelamos ante o convite à partilha.
Os enviados por Deus são os profetas que exortaram a Israel. Mas esses não só não foram ouvidos como também foram mortos. Um exemplo disso é o profeta Isaías, que foi serrado vivo. Não olhando pela grande perda do profeta, Deus misericordiosamente envia o Seu próprio Filho, Jesus. Porém, Ele barbaramente também foi crucificado e morto, assim como o foram os profetas que o antecederam.
Continuando com a parábola, Jesus pergunta: “E agora, quando o dono da plantação voltar, o que é que ele vai fazer com aqueles lavradores?” O povo responde, dizendo: “Com certeza ele vai matar aqueles lavradores maus e vai arrendar a plantação a outros. E estes lhe darão a parte da colheita no tempo certo”.
Jesus então conclui a parábola, dizendo: “Vocês não leram o que as Sagradas Escrituras dizem? A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas. Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!”
Falando da “pedra” Jesus quer que os judeus se recordem do grande acontecimento – quando da construção do Templo de Jerusalém. Assim, segundo se conta que na construção do famoso Templo de Jerusalém, os pedreiros haviam rejeitado uma enorme pedra julgando que não servia para nada por causa do seu tamanho, peso e forma. Então, os pedreiros colocaram uma pedra aqui, outra ali, até chegar à esquina. Ao chegar ao canto, notaram que faltava uma pedra adequada para amarrar a fundação, para dar sustentação à obra. Depois de muito procurar em vão, resolveram experimentar aquela pedra que havia sido rejeitada. E, para a surpresa de todos, essa pedra não só se encaixou perfeitamente naquele lugar, como ainda passou a ser a principal pedra de toda aquela construção, dando sustentação à toda obra.
Essa pedra – mais tarde numa visão profética, – passou a simbolizar a obra redentora de Cristo. Jesus, como aquela pedra, foi rejeitado pelos homens, morto e sepultado. Mas, depois da ressurreição, Ele se tornou o principal instrumento de Deus para salvar a humanidade. Era, pois, a Jesus que o salmista se referia ao dizer: “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular”. (Salmo 118,22)
Qual foi a razão última pela qual os dirigentes de Israel não entraram no novo Reino como povo escolhido? Diríamos que a razão imediata era o seu interesse material na religião que a transformava numa fonte de rendas e, portanto, numa visão espúria da espiritualidade religiosa.
Em segundo lugar, o orgulho dos dirigentes de Israel não permitia a alguém interpretar a Lei de modo diferente do deles. Segundo sua interpretação os pobres estavam longe de Deus, considerando a pobreza como uma espécie de rejeição e castigo divinos, como também era interpretada a doença. “Quem pecou, este ou os pais para nascer cego?”, perguntarão os discípulos (Jo 9,2). Do mesmo modo a pobreza era considerada como o pior dos castigos divinos e a riqueza como o melhor dos benefícios.
Nós vemos no Evangelho uma clara alusão a esta cosmovisão, quando, após Jesus declarar que um rico dificilmente entraria no Reino dos Céus, a pergunta dos discípulos demonstrava um desânimo total: “Então quem poderá se salvar?” (Mt 19,25). A doutrina de Jesus devia escandalizar os legistas e peritos da Lei quando, em suas Bem-aventuranças, declara o Reino como a herança dos pobres.
Com respeito à razão última, é Paulo que o explica na sua Epístola aos Romanos: “Tanto judeus como gentios se tornaram pecadores”. Na frase de Paulo todos se encontram sob o império do pecado (Rom 9,13). Mas Deus – gratuitamente pela fé em Cristo – salva ao homem porque, se a Lei veio para que proliferasse a falta, porém, “onde proliferou o pecado superabundou a Graça” (Rom 5,21). E, logicamente, a Graça foi maior ao admitir os pagãos ao Reino.
Podemos perguntar: “E nós? Qual é a razão para que o Reino não seja o valor principal – o tesouro, a pérola – em nossas vidas?” Cada um de nós poderá dar uma resposta particular. Mas existe uma geral e comum nos tempos modernos: o estado de bem-estar – confundido com a felicidade final – que nos transforma em verdadeiros ricos num mundo de quase absoluta pobreza espiritual. E no lugar das Bem-aventuranças dirigidas aos pobres, aos que sofrem, aos que choram, aos que são perseguidos, encontramos as censuras de Jesus que atingem aos ricos, aos fartos, aos que aparentemente são felizes.
Com que pedras temos construído nossa casa? Quero lembrar de que Cristo é a base de tudo: da nossa vida, da nossa família, do nosso trabalho e da nossa felicidade eterna. Quem não tem Cristo como o fundamento de sua vida afundará quando vierem as dificuldades da vida. Quem, porém, tem Cristo como o fundamento de sua vida se manterá firme, mesmo quando a tempestade começar a soprar.
Muitos homens fazem “castelos sobre a areia” quando de Cristo não se lembram e nem buscam auxílio. Estes seus castelos não subsistem, pois só Cristo é o fundamento da vida verdadeira. Cristo é a pedra, a pedra angular. Mas muitos homens não O querem aceitar. Creia neste Cristo, caminho verdadeiro. É Ele quem nos guia à salvação eterna.
Caso contrário – como disse Jesus – o Reino de Deus nos será tirado e dado às pessoas que produzam os frutos do Reino.
Padre Bantu Mendonça
O que a Palavra diz para mim?
O texto para mim é um apelo de Jesus para pertencer ao grupo que vem para servir. Em Aparecida, na V Conferência, os bispos lembraram o apelo do papa: "O Santo Padre nos recorda que a Igreja está convocada a ser "advogada da justiça e defensora dos pobres" diante das "intoleráveis desigualdades sociais e econômicas", que "clamam ao céu". Temos muito que oferecer, visto que "não há dúvida de que a Doutrina Social da Igreja é capaz de despertar esperança em meio às situações mais difíceis, porque se não há esperança para os pobres, não haverá para ninguém, nem sequer para os chamados ricos". A opção preferencial pelos pobres exige que prestemos especial atenção àqueles profissionais católicos que são responsáveis pelas finanças das nações, naqueles que fomentam o emprego, nos políticos que devem criar as condições para o desenvolvimento econômico dos países, a fim de lhes dar orientações éticas coerentes com sua fé." (DAp 395).
O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezamos com toda Igreja:
Ó Deus criador, do qual tudo nos vem,
Nós te louvamos pela beleza e perfeição de tudo que existe como dádiva gratuita para a vida.
Ilumina, ó Deus, nossas mentes para compreender que a boa nova que vem de ti é amor, compromisso e partilha entre todos nós, teus filhos e filhas.
Reconhecemos nossos pecados de omissão diante das injustiças que causam exclusão social e miséria.
Pedimos por todas as pessoas que trabalham na promoção do bem comum e na condução de uma economia a serviço da vida.
Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é para cuidar a fim de que a vida de Deus e seu Reino tenham espaço de expressão no mundo em que vivo.
Bênção
O Senhor o abençoe e guarde!
O Senhor lhe mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de você!
O Senhor lhe mostre seu rosto e lhe conceda a paz!' (Nm 6,24-27).
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Fonte: Paulinas e Canção Nova.
Nenhum comentário:
Postar um comentário