Jo 10,27-30
As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão. O poder que o Pai me deu é maior do que tudo, e ninguém pode arrancá-las da mão dele. Eu e o Pai somos um.
COMENTÁRIO 1
Estas palavras de Jesus ocorrem em um discurso mais longo, pronunciado durante a festa da Dedicação, em Jerusalém. Na festa anterior, das Tendas, Jesus já fizera a autoproclamação figurativa: "Eu sou o Bom Pastor". A imagem é bela e permanece guardada nos corações através dos séculos. Embora seja uma imagem rural e mais específica de determinadas regiões, é facilmente compreendida por todos.
O proclamar/falar e o conhecer, o ouvir e o seguir, exprimem uma relação de diálogo e acolhida existente entre Jesus e os discípulos. É a palavra e a escuta que estabelecem o diálogo. É o diálogo que leva ao conhecimento e à união de amor, o seguimento. A união de amor na comunidade, com Jesus, significa a integração na vida eterna de Deus.
A dupla menção: "Ninguém vai arrancá-las da minha mão", "ninguém pode arrancá-las da mão do Pai [.], que é maior do que todos" indica o pano de fundo do conflito vivenciado pelas comunidades dos discípulos ameaçadas pela sinagoga, no tempo da redação de João. Contudo, para os que creem não há maior garantia. Estamos envolvidos pela vida divina: "Eu e o Pai somos um". Os discípulos de Jesus, desde as primeiras missões, enfrentaram dificuldades semelhantes às do mestre. Assim aconteceu com Paulo e Barnabé, em sua primeira viagem missionária (primeira leitura). Trabalharam arduamente, insistindo junto aos discípulos para que continuassem firmes na graça de Deus, apesar das provocações dos judeus cheios de inveja. Igualmente as comunidades joaninas de Éfeso, no fim do primeiro século, sofriam grandes perseguições (segunda leitura). Elas sofrem a "grande tribulação", mas estarão, dia e noite, diante do trono do Cordeiro, que é o próprio pastor que conduz às fontes de água vivificante.
Autor: José Raimundo Oliva
COMENTÁRIO 2
Muitas pessoas procuram orientação, mas a sociedade em que vivemos mais manipula que orienta! Estamos sendo seduzidos pelos interesses do dinheiro e do poder. Pensando que somos livres e seguimos nosso próprio caminho, somos levados pelo sistema e pela propaganda, enquanto se esconde em nós, envergonhados, o desejo de ser conduzidos de modo confiável e verdadeiro.
Na Bíblia, aquele que conduz se chama pastor. É disso que trata o Evangelho. Jesus se apresentou como o Pastor Fidedigno; no trecho que é lido hoje, Ele fundamenta Sua confiabilidade no amor que O une ao Pai. Por esse amor, Cristo nos conduz a Deus e ninguém nos poderá arrebatar d’Ele e do Pai.
Deus é “mistério”. Não conseguimos concebê-lo com clareza. Ele é grande demais para que O possamos descrever. É a “instância última” de nossa vida. Mas Jesus O torna acessível, visível. Podemos orientar nossa vida para a instância última graças a Cristo, que nos conduz se a Ele nos confiamos. O Bom Pastor está tão unido a Deus que, para nós, Ele é a presença de Deus em pessoa. N’Ele, estamos em Deus. Deus é a “pastagem”, isto é, a felicidade para onde Jesus-Pastor nos conduz.
Na segunda leitura, este Pastor é apresentado como sendo também “Cordeiro”, Vítima pascal, que resgata e liberta da escravidão as ovelhas, que somos nós. Esta imagem vem completar a do Pastor. Pois um pastor parece muito chefe. Jesus é também Ovelha, igual a nós, porém, totalmente consagrada a Deus. Ele nos conduz a Deus, vivendo a nossa própria situação.
Como somos conduzidos por Jesus? Não mecanicamente! Ele nos conduz, mas não nos força! A nós cabe o esforço. Devemos “conhecer” Cristo, gravar Seu retrato em nosso coração. Depois, com esta imagem na cabeça e no coração, vamos olhar para a nossa vida e seus desafios. Vamos perguntar o que Ele faria se estivesse em nossa situação. Finalmente, apoiados pela comunidade eclesial, vamos escolher o caminho que acreditamos sinceramente que Ele escolheria. Este será o caminho de Jesus-Pastor.
Caminho para todos. As leituras de hoje nos mostram que as palavras e o caminho de Jesus se destinam a todos, judeus e não judeus. Paulo rompeu o confinamento cultural da mensagem de Cristo dentro do mundo judeu. Também hoje, para que o rebanho possa ser integrado por quantos quiserem e siga sem impedimento o Cordeiro-Pastor é preciso romper barreiras e confinamentos. Inculturar o Evangelho em outras culturas que não a tradicional cultura ocidental. Nas culturas afro-brasileiras e ameríndia do Brasil. E assim pelo mundo afora. Para construir a grande multidão de todas as nações, tribos, povos e línguas que seguem o Cordeiro, como diz o Apocalipse.
Padre Pacheco - Comunidade Canção Nova.
Fonte: Paulinas e Canção Nova.
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