Ministro tinha afirmado que preferia morrer a ficar em prisão brasileira.
'Primeiro passo para solucionar o problema é jamais escondê-lo', disse.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça-feira que o primeiro passo para solucionar o o problema das penitenciárias brasileiras é "não esconder o sol com a peneira".
De Lima (Peru), Cardozo concedeu entrevista por meio de videoconferência a jornalistas que estavam na sede do Ministério da Justiça, em Brasília.
Nesta quarta (13), o ministro disse, durante palestra a empresários em São Paulo, que "preferia morrer" a ficar preso no sistema penitenciário brasileiro.
"Eu percebi que algumas pessoas ficaram perplexas com a minha declaração. O primeiro passo para solucionar o problema é jamais escondê-lo. Não é colocá-lo embaixo do tapete. Não se pode esconder o sol com a peneira", afirmou.
Segundo o ministro, "hoje, presos convivem com fezes, com espaços impossíveis, onde não se pode dormir, presos são violentados, presos são agredidos".
Cardozo disse que a primeira missão do governo federal é ampliar o número de presídios em todo o Brasil, com financiamentos aos governos estaduais.
O ministro afirmou que a melhoria das condições dos presídios e ampliação das penitenciária são "prioridades absolutas" para a presidente Dilma Rousseff. Ele disse que atualmente no país há um déficit de 200 mil vagas nas penitenciárias.
No ano passado, Dilma lançou plano que prevê R$ 1,1 bilhão para a construção de 60 mil presídios até 2014 - 20 mil foram contratadas durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros 40 mil serão contratados no atual governo.
Segundo Cardozo, as dificuldades na execução do programa não se devem a contingenciamentos no Orçamento, mas sim a problemas "administrativos". "A disposição da presidente foi total. Ela assegurou R$ 1,1 bi. O problema é executar isso dentro dos percalços administrativos", disse
De acordo com o Ministério da Justiça, um ano após o lançamento do programa, foram disponibilizados R$ 270 milhões para a ampliação de presídios. Desse total, R$ 120 milhões foram, de fato, empenhados. Os outros R$ 150 mi serão empenhados até dezembro deste ano.
Ainda segundo o ministério, nenhum presídio teve a construção iniciada até agora no âmbito do programa. O ministro justificou a lentidão dizendo que os governos estaduais têm dificuldades para encontrar terrenos ou não enviam projetos satisfatórios.
"O problema não é o financiamento. É a necessidade de melhorar a gestão em todos os níveis federativos", disse. Cardozo afirmou que o Ministério da Justiça também tem atuado em parcerias com outras pastas para promover ações de saúde e educação nos presídios.
Ele defendeu a aprovação de um projeto de lei que reduza a pena dos presos que estudam. Um dia de aula no ensino médio, fundamental, superior ou profissionalizante representaria um dia a menos da cadeia. A proposta está em tramitação no Congresso.
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