11/09/2011 - 15:37 - Atualizado em 11/09/2011 15:50
PMs de UPP no Centro recebiam propina para facilitar tráfico, diz jornal.
Segundo PM, afastamento não significa envolvimento no esquema.
Do G1 RJ
O comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio Duarte, admitiu neste domingo (11) que a PM investiga denúncias de um esquema de corrupção de policiais na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) dos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, no Centro do Rio.
Os esclarecimentos foram dados após denúncia publicada pelo jornal "O Dia" neste domingo de que agentes recebiam propina de até R$ 53 mil para facilitar o tráfico na região. O coronel informou ainda que vai afastar o comandante e o subcomandante da UPP, o capitão Elton Costa e tenente Rafael Medeiros.
O coordenador de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues, afirmou que em menos de uma semana toda a investigação da PM sobre o caso será concluída. “Na maioria das vezes as investigações começam com denúncias. O subcomandante e o comandante serão afastados, mas isso não significa que eles estejam envolvidos no esquema”, disse.
PMs presos
Mário Sérgio preferiu não informar o valor da propina que teria sido recebida pelos policiais, nem quantos agentes estão sendo investigados. De acordo com o coronel, três policiais – um sargento e dois soldados - foram presos pela Corregedoria da PM na terça-feira (6).
“Precisamos alcançar os policiais corruptos e levá-los a julgamento. Em razão da gravidade, vamos mostrar o caminho da rua a esses policiais. Mas até que o inquérito seja concluído não vamos falar em nomes ou números”, informou Mário Sérgio.
De acordo com a denúncia, o valor das propinas era fixado de acordo com a patente do agente na estrutura do policiamento. Atualmente, a unidade pacificadora conta com 206 policiais trabalhando no local.
Para o coronel Mário Sérgio, o ataque a um policial militar no sábado (10), no Morro do Fallet, não tem a ver com a quebra do esquema de corrupção na comunidade.
Os morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro receberam a 15ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro em fevereiro deste ano. A unidade atente, ainda, aos morros do Fogueteiro e da Coroa. Na época, nove morros do Centro do Rio foram ocupados numa megaoperação da polícia. De acordo com a Secretaria de Segurança, mais de 800 homens atuaram na ocupação.
A Polícia Militar informou que a população pode denunciar qualquer tipo de irregularidade nos telefones 2333-2757 e 2333-2753.
Patrulhamento reforçado
Na noite de sábado (10), um policial militar da UPP do Morro do Fallet ficou ferido durante um confronto com criminosos na localidade conhecida como "Cajueiro". Nesta manhã, a PM reforçou o patrulhamento na comunidade. As informações foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e pelo comandante da UPP no local, capitão Helton Costa.
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"O Batalhão de Choque, o Bope e policiais de outras UPPs fazem o patrulhamento. São cerca de 50 homens na comunidade", detalhou o capitão.
Segundo a PM, o confronto aconteceu quando policiais faziam um patrulhamento na região e desconfiaram de um grupo de cerca de dez pessoas. Durante a abordagem, um dos suspeitos atirou contra os policiais, iniciando o confronto que durou cerca de uma hora. Os criminosos conseguiram fugir.
Um policial foi baleado no pescoço e levado para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, também no Centro. Ainda segundo o capitão Helton Costa, o PM passou por uma cirurgia e não corre risco de morte. O seu estado de saúde é considerado estável. Não há registro de outros feridos na ação.
Confronto na Providência
Também no sábado, policiais de UPP também trocaram tiros com criminosos no Morro da Providência, outra comunidade pacificada no Centro. Segundo a Polícia Civil, quatro suspeitos foram detidos e ninguém ficou ferido. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, o patrulhamento não foi intensificado neste domingo.
Considerada a primeira favela do Brasil, o Morro da Providência foi a sétima comunidade do Rio a receber uma UPP. A unidade foi instalada em abril de 2010 e funciona num prédio de cinco andares onde ficava uma creche. Ela também atende aos Morros da Pedra Lisa e Moreira Pinto. Juntas, as três comunidades têm cerca de 4 mil moradores, segundo o Censo do IBGE, de 2000.
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