Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 20 de fevereiro de 2011

MENSAGEM DA SEMANA: Amar os inimigos é a proposta de Jesus - Mt 5,38-48.

Preparação para a Leitura Orante

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com todos que hoje se encontram neste ambiente virtual e nas comunidades locais onde participam da celebração: Creio, meu Deus, que estou diante de Ti. Que me vês e escutas as minhas orações. Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro. Tu me deste tudo: eu te agradeço. Foste tão ofendido por mim: eu te peço perdão de todo o coração. Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças que sabes serem necessárias para mim.

Leitura Orante

Mt 5,38-48

- Vocês ouviram o que foi dito: "Olho por olho, dente por dente." Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém processar você para tomar a sua túnica, deixe que leve também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir emprestado, empreste.

- Vocês ouviram o que foi dito: "Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos." Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal. Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.

O que diz o texto do dia?

COMENTÁRIO 1

Se você for ouvir pessoas diferentes sobre este discurso de Jesus, vai ter opiniões as mais diversas. A maioria pensa e reage com a lei de talião ou do "olho por olho, dente por dente". A lei de talião (do latim Lex Talionis: lex: lei e talis: tal, parelho), também conhecida como pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena - apropriadamente chamada retaliação, ou revide, ou ainda, vingança. É uma das mais antigas leis existentes. Os primeiros indícios da lei de talião foram encontrados no Código de Hamurabi (1780 a.C.), na Babilônia.

Como é a proposta de Jesus para superar a vingança? Jesus propõe uma atitude nova, diferente, com o objetivo de eliminar pela raiz o círculo da violência. A resistência ao ofensor ou inimigo não deve ser feita com as mesmas armas usadas por ele, mas através do comportamento que o desarme. Essa é a grande novidade trazida por Jesus - o mandamento do amor - a essência do cristianismo que consiste em amar e perdoar não só aos amigos, mas também aos inimigos

O apóstolo São Paulo também fala do assunto, no capítulo 12 aos romanos: "Amados, não façam justiça com as próprias mãos... Se o inimigo tiver fome, dê-lhe de comer, se tiver sede, dê-lhe de beber; desse modo, você fará o outro corar de vergonha. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem" (Rm 12, 19-21).

COMENTÁRIO 2

No Primeiro Testamento, configurada a eleição divina de um povo, com exclusividade, decorre uma separação dos demais povos, sendo que esta eleição revestia o povo de santidade. Os eleitos são os "filhos de Abraão", e os demais povos eram tidos como inimigos. Dentro do povo eleito buscava-se a reconciliação, a paz, a harmonia, "descartando-se a vingança e o rancor entre os compatriotas" (cf. primeira leitura). Contudo, a ocupação da "terra prometida", depois do êxodo, é precedida pela mensagem da divindade: "Se escutares fielmente a voz do meu anjo e fizeres tudo o que eu disser, então, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. O meu anjo irá adiante de ti e eu exterminarei os povos de Canaã" (Ex 23,22.23).

Neste evangelho de Mateus, hoje, temos as duas últimas contraposições que mostram a novidade de Jesus em confronto com a tradição da antiga Lei. O "que foi dito" é substituído, agora, pela revelação de Jesus através de sua prática e de suas palavras. Na primeira contraposição, Jesus remove o mau espírito de vingança pela prática da bem-aventurança da mansidão. Com estas propostas Mateus busca a conversão plena de sua comunidade originária do judaísmo. A lei do talião, na tradição de Israel, incitava à vingança, no caso de uma violência sofrida: "vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe" (Ex 21,23-25). A Lei configurava, assim, uma cultura marcada por um espírito vingativo e cruel. Perpetuava-se a violência que, na tradição de Israel, é exemplar na memória perene que se faz do Êxodo, com o extermínio dos primogênitos dos egípcios oprimidos pelo faraó e no sequente extermínio dos sete povos de Canaã. O preceito de Jesus de não oferecer resistência ao malvado, vem romper com o ciclo contínuo da violência. Contudo, embora não se responda à violência com violência, cabe, contudo, questionar e denunciar os agentes da violência. Em uma sociedade onde a violência é praticada pela ambição, em particular por parte dos poderosos grupos de enriquecidos, cabem os movimentos sociais em defesa dos oprimidos, e o empenho no estabelecimento de estruturas sócio-econômicas mais justas. Na última contraposição, com a novidade do amor aos inimigos, insistentemente anunciada por Jesus, é removida a antiga imagem de Deus apresentada no Primeiro Testamento como aquele é inimigo dos inimigos do "povo eleito", e os destrói. As concepções de povo eleito e de terra prometida fundamentavam a histórica segregação e conflito de Israel com os demais povos. Assim justificavam a sua violência: "Deus parte a cabeça dos seus inimigos e o cabeludo crânio do que anda nos seus próprios delitos" (Sl 68,21).

Jesus revela o Deus de misericórdia sem limites. O apelo de Jesus à conversão tem o sentido tanto de mudança das referências religiosas da antiga tradição de Israel como dos sentimentos pessoais. A revelação do Deus Amor abre o caminho da perfeição a todos. A compreensão de que somos todos filhos do Deus Pai e Mãe e a percepção de que seu amor é sem limites leva à fraternidade universal, à solidariedade e à partilha, vivendo-se com alegria tendo como meta a união e a Paz.

José Raimundo Oliva

COMENTÁRIO 3

Jesus quer que vençamos o mal com o bem. Quer um amor traduzido em gestos concretos. É espontânea a pergunta: como é que Jesus deu um mandamento como este? A realidade é que Ele quer que nossa conduta tenha como modelo a mesma de Deus, seu Pai, que “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45). É isto. Não estamos sozinhos no mundo: temos um Pai e devemos nos assemelhar a Ele. Não só, mas Deus tem direito a esse nosso comportamento porque, enquanto nós éramos seus inimigos, estávamos ainda no mal, Ele foi o primeiro a nos amar (cf. 1Jo 4,19), mandando-nos Seu Filho, que morreu daquela maneira terrível por cada um de nós.

Só pelo amor divino, podemos ser perfeitos como o Pai. Pois é difícil viver este preceito: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus (…)” “Portanto, sede vós perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.” Além de nos pedir para amar nossos inimigos, Jesus nos pede para que rezemos pelos que nos perseguem. Parece algo impossível, principalmente, quando observamos algumas famílias onde os pais, mães, filhos e irmãos se tratam violentamente, numa convivência difícil. Infelizmente, temos visto muitos casos de assassinato dentro da família. Se isto acontece com as famílias, que naturalmente deveriam se amar, como fazer para amar o meu inimigo? Quem é meu inimigo? Aquela pessoa que sente prazer ao me prejudicar. Aquela pessoa que é capaz de despertar em mim os sentimentos ruins como a mágoa, angústia, o desprezo, a ira.

“Amai os vossos inimigos”. Isto, sim, é revolucionário! Isto, sim, produz uma reviravolta no nosso modo de pensar e faz com que todos dêem uma guinada. Porque, sejamos sinceros, algum inimigo – pequeno ou mesmo grande – todos nós temos. Está ali do outro lado da porta do apartamento vizinho, naquela senhora tão antipática e intrigante – com a qual procuro todas as vezes evitar uma conversa, – está naquele meu parente que trinta anos atrás agiu mal com meu pai. Senta-se atrás de você na escola e nunca, nunca mais você olhou para seu rosto desde que ele o acusou para o professor.

É aquela menina que você namorava e que depois o trocou por outro. É aquele comerciante que o enganou. São aqueles que, do ponto de vista político, não pensam como nós e por isso declaramos nossos inimigos. E hoje há quem vê o Estado como inimigo, e pratica violência contra pessoas que podem representá-lo. Assim como existem, e sempre existiram, pessoas que consideram inimigos os sacerdotes e odeiam a Igreja. Pois bem, todos esses e uma infinidade de outros, que chamamos inimigos, devem ser amados. Devem ser amados? Sim, devem ser amados! E não nos iludamos de que podemos resolver o problema simplesmente mudando o sentimento de ódio por outro mais benévolo. É preciso algo mais. Ouça o que diz Jesus: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam”.

Somos humanos, imperfeitos e pecadores. Para alcançarmos a perfeição que Jesus nos pede, o amor deve prevalecer. Sabemos que Deus não concorda com nossos erros e pecados. Mas Ele nos ama, e está sempre pronto a nos perdoar. É essa perfeição que Jesus quer que alcancemos, devemos e podemos agir como o Pai, e ser perfeitos como Ele. Alcançaremos a perfeição amando nosso inimigo, orando por aqueles não desejam nosso bem, que nos perseguem. Sendo gentis, pacientes, não sendo grosseiros, indiferentes, frios, não deixando que pessoas de nossa convivência influenciem no nosso modo de agir, às vezes exigindo uma reação contra quem nos prejudicou. Não é assim que deve agir um cristão. Jesus disse:… “Ele faz nascer o sol sobre os maus e bons e faz cair a chuva sobre os justos e injustos (…) se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” Devemos então amar sem distinção, para nos tornamos filhos do Pai do céu (v. 45).

Na cruz, Jesus pede ao Pai para que perdoe os seus perseguidores, os seus carrascos. Jesus perdoou aqueles que tiraram sua vida. Seremos perfeitos quando conseguirmos perdoar aqueles que tiram vidas, aqueles comentem violências terríveis contra inocentes e indefesos. Podemos começar rezando por eles. Pedir ao Espírito Santo que se faça presente em nossos corações, para que sejamos capazes de amar com o amor divino. Que sejamos capazes de fazer o bem a quem nos fez mal, de amar quem nos odeia, e perdoar aqueles que praticam o mal. No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que pelo amor, pelo perdão e pela misericórdia podemos viver em comunhão e fraternidade, contribuindo assim para um mundo melhor. “A cruz é, para os cristãos, um sinal evidente de que, de fato, é possível amar os próprios inimigos”.

Espírito de perfeição, dispõe meu coração a imitar o exemplo de Jesus que, na cruz, nos deu a maior prova de amor aos inimigos. Senhor, ensina-nos a não amar somente os que são nossos, a não amar somente os que amamos. Ensina-nos a pensar nos outros e a amar, em primeiro lugar, aqueles a quem ninguém ama.

Padre Bantu Mendonça

O que o texto diz para mim, hoje?

Sinto que minha vida é carregada das cores da Palavra de Deus? Ou ainda tenho vestígios da lei de talião? Minha presença é iluminadora, aponta caminhos de paz, de reconciliação e de amor? Recordo uma frase do papa Bento XVI: " a reconciliação e o perdão são, sem dúvida alguma, condições para construir uma verdadeira paz" (Sacramentum Caritatis, 89).

O que o texto me leva a dizer a Deus?

Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo:

Senhor, nós te agradecemos por este dia. Abrimos nossas portas e janelas para que tu possas Entrar com tua luz. Queremos que tu Senhor, definas os contornos de Nossos caminhos, As cores de nossas palavras e gestos, A dimensão de nossos projetos, O calor de nossos relacionamentos e o Rumo de nossa vida. Podes entrar, Senhor em nossas famílias. Precisamos do ar puro de tua verdade. Precisamos de tua mão libertadora para abrir Compartimentos fechados. Precisamos de tua beleza para amenizar Nossa dureza. Precisamos de tua paz para nossos conflitos. Precisamos de teu contato para curar feridas. Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença Para aprendermos a partilhar e abençoar!

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Sinto-me discípulo/a de Jesus.

"Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele salva (cf. At 4,12). Na realidade, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro" (DAp, 146).

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

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