12/10/2010 – 09:00
Apesar de a Secretaria de Segurança Pública da Bahia comemorar a redução dos índices de violência na capital e interior, um dos principais indicadores, o número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) cresceu em comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a novembro de 2009, foram registrados 4.340 homicídios em todo o estado. Já em 2010, no mesmo período, ocorreram 4.420 homicídios.
Homicídios com intenção de matar tiveram crescimento em comparação a 2009
O balanço deste ano foi apresentado ontem pelo secretário de Segurança Pública, César Nunes, em uma coletiva de imprensa, realizada no hotel Deville, em Itapuã. Acompanhado pelo delegado chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, do comandante geral da Polícia Militar, Nilton Mascarenhas, e do diretor do Departamento de Polícia Técnica (DPT), Raul Barreto, o secretário disse que os resultados foram positivos.
“Acredito que o fato de a gente ter aliado tecnologia e efetivo nos deu uma inteligência policial mais forte, mais firme e que efetivamente está dando um resultado positivo. O combate ao crime organizado na Bahia está bem e vai melhorar mais. Hoje, temos em cana todos os grandes traficantes da Bahia”, disse.
Apesar da avaliação positiva e de anunciar que foram contratados 9.519 novos servidores, César Nunes admitiu a necessidade de aumentar o efetivo de policiais. “Somos a menor unidade da segurança pública, com 28 unidades no interior, mas a falta de pessoal é o nosso grande entrave”, reforçou o diretor do DPT.
EFETIVO
A falta de policiais interfere até mesmo na criação de novas delegacias. Segundo o delegado-chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, existem projetos para criação de novas delegacias que não foram concretizados por causa da falta de policiais. “Temos seis delegacias criadas no papel que não foram instaladas ainda por falta de efetivo”, explicou.
O Subúrbio Ferroviário e bairros como Canabrava e Saramandaia seriam beneficiados com as novas delegacias. Bispo disse ainda que para 2011 será feito um novo concurso, mas a medida não foi apresentada durante o balanço da secretaria. Com relação à apreensão de drogas em todo o estado, houve um aumento apenas na apreensão de crack também no comparativo dos dois anos.
Falta estrutura para os policiais
Os investimentos feitos com a entrega de novas viaturas e armamento não são suficientes, segundo o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM), Agnaldo Pinto. “Estamos bastante desmotivados. Não adianta investir na estrutura se não investir no profissional de segurança pública”, reclamou. Para o secretário geral do Sindicato dos Policiais Civis na Bahia (Sindpoc), Bernardino Gayoso, há precariedade também na estrutura.
“Se compra viatura, não tem combustível. A falta de equipamento é geral. Até o armamento é deficitário”, destacou. Durante a apresentação do balanço de 2010, o secretário de Segurança Pública, César Nunes, disse que a solução seria fazer concurso para aumentar o efetivo, mas isso não consta nas propostas apresentadas por ele para 2011/2014.
Entrevista com César Nunes: ‘Corporativismo deve ser combatido’
Secretário de Segurança Pública, César Nunes, informou que, de 2007 a 2010, foram investidos pela SSP-BA cerca de R$ 360 milhões na segurança que ainda é um grave problema.
Pelo menos três crimes bárbaros aconteceram em Salvador em novembro. O senhor acha que os criminosos estão mandando algum recado para a polícia baiana?
Não acho. Eu entendo que isso que aconteceu é uma barbárie. É falta de amor. É uma violência cometida por traficantes de terceira categoria que não têm humanidade.
E por que crimes como esse permanecem sem conclusão?
É só uma questão de tempo. No caso das garotas degoladas, por exemplo, todos já estão identificados. O que falta mesmo é a captura.
Moradores de bairros pobres reclamam da ação de PMs que já chegam atirando sem distinguir traficantes de moradores. O que fazer para mudar a forma de abordagem dos policiais?
Toda e qualquer denúncia é investigada. A gente não admite polícia exterminadora. É preciso criar independência para investigar em profundidade e que se façam investigações prévias, para que não tenha nenhum resquício de corporativismo nas investigações.
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