Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 23 de outubro de 2011

MENSAGEM DA SEMANA: A diferença entre a caridade cristã e a filantropia - Mt 22,34-40.

Preparação para a Leitura Orante

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos que navegam pela internet, a Oração deste Dia Mundial das Missões:

Oração Missionária 2011

Deus Pai,

Criador do céu e da terra,

Enviai, por meio do vosso Filho,

O Espírito que renova todas as coisas,

Para que, no respeito e cuidado com a natureza,

Possamos recriar novos céus e nova terra,

E a Boa-Nova, que brilhou na Criação,

Seja conhecida até os confins do universo.

Amém.

Leitura Orante
Mt 22,34-40

Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então se reuniram, e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe, para experimentá-lo: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Ele respondeu: "'Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o segundo lhe é semelhante: 'Amarás teu próximo como a ti mesmo'. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos".

O que diz o texto do dia?

COMENTÁRIO 1

Leio atentamente, na Bíblia, o texto Mt 22,34-40 e observo a síntese que Jesus faz dos mandamentos.

Os fariseus contavam com 613 preceitos na Lei, 365 proibições e 248 mandamentos. Deviam decorá-los e praticá-los.

O mestre da Lei quer por Jesus à prova. Pergunta-lhe qual é o mandamento mais importante.

Jesus responde que é preciso integrá-los todos em dois amores, a Deus e ao próximo. Diz que os dois são igualmente importantes e inseparáveis: quem ama a Deus deve amar o filho de Deus, ou seja, o próximo. Tudo o mais é consequência. E diz mais: o amor ao próximo deve ser igual ao amor a si mesmo.

Outros textos nos ajudam a entender estes mandamentos: Jo 13,34-35, 1Jo 4,7-8, Col 3,14, 1Jo 4,20-21, Mc 12,35-36.

COMENTÁRIO 2

No início desta narrativa do evangelho transparecem as divergências internas entre os fariseus e os saduceus. Estes, ao contrário dos fariseus, negavam a ressurreição. E quando Jesus foi questionado pelos saduceus (Mt 22,23-33), além de reafirmar a ressurreição declarou a eles: "Estais enganados...". Os fariseus ficaram muito satisfeitos com a resposta de Jesus. E agora, curiosos mas desconfiados, vêm a Jesus com outra questão controvertida: qual é o maior mandamento da Lei? A Lei era o conjunto tradicional de regras sócio-religiosas, acrescido de novas normas de observâncias mais detalhadas, elaboradas ao longo da história de Israel e da Judéia, acumulando, no tempo de Jesus, seiscentos e treze (613) mandamentos. O conjunto todo era atribuído a Moisés, como tendo sido recebido diretamente de Deus no Sinai. No seu bojo a Lei favorecia as classes dominantes, a corte real, e as elites religiosas. O caráter divino atribuído à Lei respaldava, assim, estes interesses, curvando os fieis à submissão e à sua obediência. Aquele que faltasse a um desses mandamentos era considerado pecador. Dentre os vários aspectos abrangidos pela Lei, podia-se encontrar textos que defendiam os pobres e excluídos (primeira leitura), expressos nas categorias do estrangeiro, do órfão e da viúva; contudo este zelo limitava-se ao convívio intra-povo eleito, enquanto que os gentios, cujas terras foram conquistadas ou eram alvos de conquista, eram considerados inimigos a serem mortos. Os fariseus eram estritos observantes da Lei no seus múltiplos detalhes. Jesus, com freqüência, referiu-se à Lei como superada e às vezes contraditória com o seu projeto de libertação e vida para todos homens e mulheres. A novidade de Jesus é como um pano novo que não pode servir de remendo para roupa velha (Mt 9,16-17). A Lei e os Profetas até João! Daí em diante a Boa Nova do Reino de Deus (Lc 16,16). Jesus como filho do Reino está livre das obrigações da Lei (Mt 17,24-27). O publicano arrependido é perdoado e o fariseu justo não o é (Lc 18,9-14). Questionado sobre o maior mandamento da Lei, Jesus responde reunindo dois mandamentos separados, que ficavam desconexos entre sí, um do livro do Deuteronômio e outro do livro do Levítico: "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!" (Dt 6,5), e "amarás teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18). Citando estes dois textos sobre o amor, extraídos da própria Lei, Jesus afirma que "destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas". O amor a Deus não está nas observâncias ascéticas, religiosas, e legais, que levam a discriminações e exclusões, inclusive ódio ao inimigo, mas é o amor que se concretiza no dom e na acolhida ao próximo, sem limites. O amor a Deus identifica-se e concretiza-se com o amor ao próximo, que se iguala ao amor de si mesmo, e neste amor de comunhão fraterna comunga-se com o próprio Deus. Este amor ao próximo não se restringe às simples relações inter-pessoais, mas tem um alcance social. É o amor que luta por uma sociedade mais justa e fraterna, onde todos tenham acesso aos bens deste mundo, sem privilegiados ou excluídos, no desabrochar da vida plena. Este amor, do qual o apóstolo Paulo foi testemunha (segunda leitura), é o amor que gera vida a alegria nas comunidades.

José Raimundo Oliva

COMENTÁRIO 3

“Do amor a Deus e ao próximo dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22,40). É a conclusão a qual Jesus quer que todos nós cheguemos no nosso dia a dia. Com esta afirmação, Jesus estabelece um vínculo entre dois amores. Desconhecer este fato pode levar a graves deformações que abalam o equilíbrio interno da fé e, consequentemente, nos leva à morte.

É fundamental que todos nós valorizemos as exigências do amor fraterno, procurando agir motivados pelo amor divino porque, se Deus não ocupar o lugar que Lhe compete em nossa vida, até a caridade para com o próximo tende a se degradar e o caos se torna maior.

No Evangelho, Jesus retoma e comenta a essência da Lei. Após enfrentar a armadilha dos fariseus – através dos herodianos – sobre o imposto e a investida dos saduceus sobre a ressurreição, Jesus é colocado à prova por um dos fariseus sobre o maior mandamento da Lei. Jesus responde à questão servindo-se em parte da versão deuteronômica: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (cf. Dt 6,5). Embora só fosse interrogado sobre o maior mandamento, Jesus acrescenta o segundo, servindo-se da versão do Levítico: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (cf. Lv 19,18). E então segue-se a assertiva: “Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.

Embora a mentalidade ocidental tenha a tendência de privilegiar o papel da razão quanto ao conhecimento – mesmo o do amor – não faltam referências à compreensão como ato produzido pela experiência. Nesse sentido, a vivência torna-se também meio de conhecer, indo ao encontro daquilo que Jesus indica a respeito do amor a Deus.

Não se trata apenas de compreensão racional ou entendimento mental, mas do conhecimento da fé, que, sendo entre outras coisas a experiência de ser amado por Deus, provoca a resposta humana do amor. Tal amor não exclui a inteligência das verdades reveladas e do próprio Deus, antes impulsiona a compreensão, através do estudo da fé. Sob este aspecto, a expressão ninguém ama o que não conhece, se for aplicada ao conhecimento humano sobre Deus, indica tanto a experiência quanto a intelecção da fé.

É sugestivo que Jesus acrescente o segundo mandamento – mesmo que o fariseu só se tenha interessado pelo maior mandamento – para afirmar a semelhança do amor ao próximo ao amor a Deus e acentuar que desses dois amores dependem toda a Lei e os Profetas.

Qual deve ser o parâmetro do amor entre nós? Jesus diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. No contexto da Lei Antiga o “a ti mesmo” aproxima o apreço que cada um tem por si, inclusive como membro do Povo de Deus, ao apreço que se deve ter pelo semelhante respeitado por ser também membro do Povo, e, como tal, sujeito não só de deveres, mas também de direitos iguais (Lv 19,11-18).

Outras vezes, o “a ti mesmo” refere-se ao apreço pelo outro que, mesmo sendo estrangeiro, é visto como semelhante ao israelita na situação de exílio já superada. Em ambos os casos, o apreço pelo semelhante supõe o amor a si mesmo e a experiência do amor de Deus, expresso na repetição: “Eu sou Iahweh vosso Deus” (Lv 19,10.14.16.18.32) e no incisivo: “Eu sou Iahweh, vosso Deus que vos fez sair da terra do Egito” (Lv 19,36).

Também na Nova Lei, Jesus aproxima o amor que cada um tem por si mesmo ao amor do outro, através da regra: “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas” (cf. Lc 6,31). Fazendo depender a Lei e os Profetas do amor a Deus e do amor ao próximo como a si mesmo, Jesus compõe a armadura ou o fundamento da religião. A supressão de um desses amores faz desmoronar todo o edifício.

Os fiéis de Cristo que não se preocupam em ser testemunhas visíveis do amor do Pai, pelo serviço aos irmãos, fazem com que seu testemunho perca o centro de todo o seu agir. Aliás, é na mútua articulação entre o amor a Deus e ao próximo que reside a diferença entre a caridade cristã e a filantropia. O amor a Deus se visibiliza no amor ao próximo e o próprio Deus ama seus filhos através dos irmãos que se reúnem e se encontram. Desta maneira, é o amor de Deus que possibilita o encontro sacramental do divino no humano, especialmente mediante a pessoa do pobre. Por isso, a própria luta em prol da justiça e a promoção social dos empobrecidos, são para o cristão motivado pelo amor a Deus, e devem assim permanecer, a fim de não se descaracterizarem em atitudes que a própria Moral cristã condena como a violência ou a vingança.

Portanto, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!”

Padre Bantu Mendonça

O que o texto diz para mim hoje?

Como vivo estes dois mandamentos? Amo as outras pessoas como a mim mesmo? O papa Bento XVI publicou, em 2006, a sua primeira encíclica intitulada "Deus caritas est", Deus é amor. No parágrafo 16, diz que há um "nexo indivisível entre o amor a Deus e o amor ao próximo: um exige tão estreitamente o outro que a afirmação do amor a Deus se torna uma mentira, se o homem se fechar ao próximo ou, inclusive, o odiar." O papa diz mais: "Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama. Os Santos - pensemos, por exemplo, na Bem-aventurada Teresa de Calcutá - hauriram a sua capacidade de amar o próximo, de modo sempre renovado, do seu encontro com o Senhor eucarístico e, vice-versa, este encontro ganhou o seu realismo e profundidade precisamente no serviço deles aos outros. Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem um único mandamento" (Deus caritas est, 18). É assim que amo meu irmão? É assim que amo a Deus?

O que o texto me leva a dizer a Deus?

Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo, com a canção: Hino ao amor, Pe. Zezinho, scj, Paulinas COMEP:

Depois, rezo:

Senhor, para que eu aprenda a viver o mandamento do amor,

que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.

Que eu ame com o teu coração.

Que eu veja com os teus olhos.

Que eu fale com a tua língua.

Que eu ouça com os teus ouvidos.

Que as minhas mãos sejam as tuas.

Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.

Que eu reze com as tuas orações.

Que eu celebre como tu te imolaste.

Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

Meu novo olhar é de renovada relação de amor com Deus e o próximo.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Patrícia Silva, fsp

Fonte: Paulinas e Canção Nova.

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