Deus dá liberdade aos Seus filho

Na liberdade que temos, damos o exemplo e não seguimos as más inclinações deste mundo

“Jesus perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” (Mateus 17, 25-26).

domingo, 19 de dezembro de 2010

MENSAGEM DA SEMANA: “José, não tenhas medo…” - Mt 1,18-24.

Preparação para a Leitura Orante

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

O amor e a paz de Deus nosso Pai, que em Cristo nos libertou para que permanecêssemos livres, estejam com todos nós e nos mantenham firmes no evangelho de Jesus.

Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo

O que diz o texto do dia?

Leio atentamente o texto: Mt 1,18-24.

O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, a sua mãe, ia casar com José. Mas antes do casamento ela ficou grávida pelo Espírito Santo. José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito. Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse:

- José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.

Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta:

"A virgem ficará grávida e terá um filho que receberá o nome de Emanuel." (Emanuel quer dizer "Deus está conosco".) Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado e casou com Maria.

Comentário 1

O texto fala do nascimento de Jesus. Fala de José, "homem que fazia sempre o que era direito". Não só às pessoas com quem se relacionava, como Maria, mas em relação a Deus. Sabia ouvir e se deixar guiar por Deus, mesmo se nem tudo lhe fosse claro. O pedido de Deus era que ele recebesse Maria como sua esposa. Devia, portanto, assumir Jesus, como filho. Perante a sociedade Jesus deveria ser reconhecido como filho de José, filho do carpinteiro, embora fosse Filho de Deus. José assumiu: "fez tudo o que o anjo do Senhor havia mandado".

Comentário 2

Após a morte de Jesus, as comunidades primitivas, de modo predominante as oriundas do Judaísmo, vinculadas a Jerusalém, procuraram guardar a lembrança do Jesus histórico através de narrativas orais ou escritas. Os evangelistas, ao elaborarem seus textos, recorreram a estas memórias, adaptando-as tendo em vista a consolidação da fé de suas comunidades nos diversos contextos em que viviam.

O Evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, é o que mais se aproxima do Jesus histórico. Marcos segue o roteiro que Lucas, mais tarde, registra em Atos dos Apóstolos em uma fala de Pedro: "É necessário que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que foi arrancado do nosso meio, um destes se torne testemunha da sua ressurreição" (At 1,21-22). Assim, Marcos inicia seu Evangelho com o batismo de João e termina com o túmulo vazio, após a crucifixão (as narrativas de aparições do ressuscitado, em Marcos, são acréscimos tardios). Posteriormente, Mateus e Lucas inserem, no início de seus Evangelhos, as narrativas de infância, com a concepção e o nascimento de Jesus. João, por sua vez, elabora o prólogo de seu Evangelho a partir do Verbo eterno de Deus que se faz carne. As narrativas de infância em Mateus giram em torno da figura de José, enquanto em Lucas giram em torno de Maria. Em Mateus, José, e por ele Jesus, é associado à linhagem davídica (filho de Davi). Em Lucas, onde a genealogia de Jesus remonta a Adão e Eva, Jesus é associado a toda a humanidade (Filho do homem) sem exclusividades raciais. Paulo, apóstolo, registra esta bipolaridade: "Segundo a carne, descendente de Davi, segundo o Espírito de santidade foi estabelecido Filho de Deus" (segunda leitura). Mateus procura apresentar Jesus como sendo o cumprimento das expectativas tradicionais do Primeiro Testamento. Assim, além da genealogia davídica com a qual inicia seu Evangelho, aplica a Jesus um texto de Isaías em que este se refere à concepção de uma jovem esposa do rei Acaz (primeira leitura).

As narrativas de infância realçam tanto a realidade da condição humana de Jesus quanto sua origem divina. Pela encarnação, Deus revela que homens e mulheres foram criados para participar de sua vida divina e eterna.

Autor: José Raimundo Oliva.

Comentário 3

Começamos nossa reflexão citando as palavras do anjo a José, no que toca a concepção e, consequentemente, o nascimento de Jesus.

José, timbrado e carimbado nas Sagradas Escrituras, depara-se com uma situação humanamente impossível: sua esposa está grávida sem a ter conhecido. Como será isso e que procedimento seguir? Se Ele a tivesse conhecido antes de viverem juntos, seria o pior vexame que teriam passado, além de correr o risco de serem apedrejados pela cultura do tempo; o que seria o de menos, pelo fato de terem violado a Lei. O enigmático é que conscientemente isso aconteceu e ela aparece grávida.

Alguém lhe teria passado para trás? Ou a própria Maria o teria traído? Devido ao adjetivo a ele atribuído e sem querer difamá-la, porque era justo, José resolveu abandonar o amor da sua vida em segredo. Mas, enquanto pensava nisso, Deus veio ao seu encontro através de um anjo.

Na intervenção de Deus, neste momento de profunda angústia e confusão de José, manifesta-se o triunfo da justiça divina sobre os homens e mulheres fiéis a Ele, que andam observando e vivendo os seus mandamentos. “Aos homens retos, darei alegria plena”; diz Deus. Eu estou ao lado da justiça e julgo segundo o que vejo; não segundo as aparências.

A atitude de silêncio interior de José pode ser entendida como o tempo da meditação, de intimidade profunda com Deus, de deixar que Ele fale por nós. Quando nós levamos as nossas preocupações a Ele, o Senhor as faz suas; então, não somos nós que falamos, mas o Espírito do nosso Pai que fala por nós. Basta fazer a nossa parte, que consiste somente em confiar e saber esperar no Senhor que tudo pode. José não precisou falar alto, nem muito com A ou B. Simplesmente, contemplando o sucedido e rezando, calou-se.

A resposta de Deus não se fez esperar. Imediatamente, agiu mandando o seu anjo que diz: “José, descendente de Davi, não tenhas medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá n’Ele o nome de Jesus, pois Ele salvará o seu povo dos pecados”. Era isso que José esperava ouvir. Esclarecida a dúvida, José recebe Maria como sua esposa e toca a vida.

Muitas são as simbologias que podemos encontrar neste texto. Veja por exemplo: com a escolha do homem da casa de Davi, o Evangelho de Mateus quer, teologicamente, inserir Jesus na genealogia davídica para harmonizar a concepção virginal de Maria com a acolhida de José. O estranho é que, só depois de José sofrer profundamente ao perceber, progressivamente, a gravidez da mulher amada, o anjo é enviado a ele, dissipando a terrível dúvida acumulada.

Teologicamente, José, apresentado como inserido na genealogia davídica, representa o antigo judaísmo. De Maria, que está fora desta genealogia, nascerá Jesus. Maria representa a novidade de Jesus nas comunidades cristãs. Alguém que não pertence à raça, à estirpe, à tribo. Porém, o novo que se manifesta em Maria escapa à compreensão de José. Era necessário que, do Alto, viesse a luz e José fosse advertido pelo anjo. E então, ele acolhe Maria para dizer que os judeus devem aceitar as novas comunidades cristãs, vendo nelas a obra de Deus.

Este judeu pode ser eu, pode ser você, meu irmão, quando diante dos pecadores públicos, dos criminosos, nós nos consideramos justos, sem pecados; por isso queremos nos manter distantes dos leprosos, dos pecadores.

José, o homem justo, fiel e humilde, compreendeu o desígnio do Pai para com a humanidade e colaborou para que ele fosse realizado. Em que ponto você está? Assim como aconteceu com José ontem, hoje continua a Palavra de Deus sendo dirigida para nós. Não tenha medo de receber o estrangeiro, o pobre, a viúva, o órfão, o drogado, o doente. Ame-o, assim você transformará a sua vida e salvará sua alma da morte eterna. E assim, celebrarás o verdadeiro Natal. (Emanuel quer dizer “Deus está conosco”).

Padre Bantú Mendonça S. Kayla.

O que o texto diz para mim, hoje?

Somos chamados a abrir caminhos para a vida, como fez José. Ajudam-nos a entender isto os bispos na Conferência de Aparecida: "Nossa missão, para que nossos povos tenham vida nEle, manifesta nossa convicção de que o sentido, a fecundidade e a dignidade da vida humana se encontra no Deus vivo revelado em Jesus. É urgente a tarefa de entregar a nossos povos a vida plena e feliz que Jesus nos traz, para que cada pessoa humana viva de acordo com a dignidade que Deus lhe deu. Fazemos isso com a consciência de que essa dignidade alcançará sua plenitude quando Deus for tudo em todos. Ele é o Senhor da vida e da história, vencedor do mistério do mal e acontecimento salvífico que nos faz capazes de emitir um juízo verdadeiro sobre a realidade, que salvaguarde a dignidade das pessoas e dos povos" (DAp 389).

O que o texto me leva a dizer a Deus?

Cantiga por José

Que foi que te encantou nesta donzela? Que foi que te encantou? Que foi que te levou à casa dela? Que foi que te levou?

Andavas procurando a namorada ideal, pedias ao Senhor que te ajudasse a encontrá-la.

E de repente um dia alguem te apresentou Maria. (bis)

Que foi que viste tu nos olhos dela? Que foi, meu bom José?

Que foi que até te fez sonhar com ela no céu de Nazaré?

3.Agora desposaste a tua eleita na paz do teu Senhor.

A vida se tornou bem mais perfeita com ela tem mais cor.

( CD Um certo Galileu II)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?

Meu novo olhar é o olhar de fé para os Projetos de Deus, com a dignidade e o compromisso de José.

Bênção

A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar, a bênção do Filho, nascido de Maria, a bênção do Espírito Santo de amor, que cuida com carinho, qual mãe cuida da gente, esteja sobre todos nós. Amém!

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